O Brasil
agrário traz consigo nessa primeira década do século XXI a continuidade de um
alto índice de concentração de terra. Os dados levantados nesse relatório DATALUTA
2010, a
partir do Sistema Nacional de Cadastro Rural – SNCR permite-nos analisar que ao
mesmo tempo em que cresce o número da pequena propriedade, contraditoriamente
também aumenta de forma mais veloz a área das grandes propriedades.
É
principalmente em razão dessa desigualdade, dentre outras, que sujeitos sociais
envolvidos nos movimentos socioterritoriais do campo realizam manifestações nas
estradas, com marchas, caminhadas, bloqueios e interdições de veículos; que
ocupam agências bancárias e prédios públicos; que se concentram em espaços
públicos como praças e avenidas dos grandes centros urbanos. É nessa geografia
da prática contestatória que mais de 4,8 milhões de pessoas se mobilizaram
nessa primeira década do século XXI contra a concentração de terras e por um
limite do tamanho da propriedade no Brasil; contra um modelo único de
desenvolvimento pautado em políticas neoliberais e por respeito a autonomia,
cultura e modo de vida dos povos do campo.
Foi a
partir desse grito dos posseiros, sem-terras, acampados, assentados, quilombolas,
ribeirinhos, bóias-frias indígenas entre outras categorias que possamos classificar
esses sujeitos sociais que vivem na/da terra, que nesse relatório apresentamos as
primeiras sistematizações dos dados referentes ao que denominamos de Manifestações
do Campo. Poderemos observar a partir dos dados levantados pela Comissão
Pastoral da Terra e sistematizados pelo DATALUTA que 35% das manifestações
realizadas no Brasil no período de 2000 a 2010 se concentraram na região Nordeste,
seguidas das regiões Sul (21,8 %) e Centro Oeste (15,2%), assim como todos
os estados
registraram algum tipo de ação dos movimentos socioterritoriais.
O DATALUTA
– Banco de Dados da Luta pela Terra – é um projeto de pesquisa e extensão
criado em 1998 no Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária –
NERA – vinculado ao Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e
Tecnologia da UNESP, campus de Presidente Prudente. A elaboração do primeiro Relatório
DATALUTA em 1999, com os dados de 1998, foi o início desta publicação de categorias
essenciais da questão agrária brasileira, superando a dificuldade de acesso aos
dados sistematizados sobre ocupações e assentamentos. Em 2004, incorporamos as categorias
movimentos socioterritoriais e estrutura fundiária, e recentemente, em 2010, a categoria
manifestações do campo. Os relatórios são compostos de gráficos, tabelas, quadros
e mapas sobre parte da realidade agrária brasileira.

Candido,
ResponderExcluirExcelente a tua postagem. A luta pela democratizacao da terra é dura, combatida. Mas como diz Eduardo Galeano "os poderosos nao temem o pobre. Teme o pobre que pensa". E esse pensar o Movimento dos
Sem Terra vem procurando fazer atraves da sua escola itinerante. Incomoda tanto que no RS houve um termo de Acordo de Conduta entre a Secretaria de Educacao e a Brigadda Militar para que os alunos dos assentamentos nao fossem matriculados nessas escolas e sim em escolas publicas urbanas que ficam a até 50 km de distancia.
Outrossim, gostaria de pergunta ao companheiro como baixar o banco de dados do dataluta.
Obrigado pelas considerações. Importante destacar a luta pela terra no momento em que a pauta da reforma agrária perde espaço. Sobre o DataLuta, sugiro que acesse esta página http://www4.fct.unesp.br/
ResponderExcluirAbraço