terça-feira, 1 de novembro de 2011

Sobre as recentes ações contra Belo Monte


Por Sonia Guajajara

Parentes, o dia 27 de outubro ficou marcado na história. Por mais de 15 horas ocupamos Belo Monte e cortamos a Transamazônica. Nós, lideranças indígenas, aliadas aos pescadores, ribeirinhos, lavradores e militantes de movimentos sociais fomos testemunhas de um cenário de horror, no coração do Xingu.

Nós, guerreiros e guerreiras que somos, ocupamos Belo Monte, desafiando o poder daqueles que querem fazer da Amazônia um verdadeiro canteiro de obras.

Em defesa das nossas florestas, pela integridade de nossos povos e culturas, resistiremos. 
Essa ação teve o intuito de mostrar para o Governo Brasileiro e seus comparsas, que esse projeto nefasto de globalizar a Amazônia não tem futuro. Belo Monstro não é um fato consumado. Provamos para o mundo que a união dos oprimidos é mais forte que os grilhões dos opressores. Esse foi o inicio da nossa retomada de território e o começo da revolução.

Como esse Governo é capaz de fazer tanta maldade com a mãe natureza? Deserdados, não querem gerar energia. Nem sabem o que é progresso. Querem é acabar com tudo. Estão tirando o manto da terra, para enforcar o rio. Que energia é essa que vale mais do que a vida da gente, que vale mais que o leito dos rios, que é mais importante que o canto dos pássaros e o viver dos bichos. Que energia é essa que pode ser mais preciosa que o verde daquela mata e o colorido dos ipês. Quem essa energia vai iluminar ? Se no final das contas, depois de tudo que fizerem, não restará ninguém. Eles não foram capazes de sentir as lágrimas da terra. A natureza não pode se defender, mas contra ataca.

Acho que um pedaço de nossos corações ficou enterrado na beira daquele rio. Causou em nós uma profunda indignação ao ver a terra arrasada, em um cenário grotesco de máquinas, concreto e devastação. Abrimos a caixa de Pandora, vimos o que poucos até então viram. É destruição a se perder de vista! Nossa revolta só aumentou.   

Que os nossos Maíras possam nos encher de forças para não fraquejarmos e juntos podermos seguir em uma grande marcha rumo à Altamira. Que os bons espíritos nos protejam e nos deixem lutar.

Ao governo dos Grandes Projetos, fica a certeza: - Nós voltaremos com a Caravana dos Guardiões da Floresta, em defesa do Rio Xingu, todos contra Belo Monte.

De algum canto da Amazônia Brasileira, 29 de outubro de 2011.

Saudações indígenas,

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