segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Violência no campo

Mal o ano começou e somente na semana passada dois casos de assassinatos em conflitos agrários.

Pará
Pistoleiros fortemente armados levaram pânico e terror aos trabalhadores do Assentamento Alcobaça, no município de Breu Branco. Eles efetuaram vários disparos e mataram o trabalhador Manoel Francisco Silva Souza, o “Chico Dente de Ouro”.

Após constatarem que Chico Dentro de Outro estava morto os pistoleiros obrigaram uma criança a abrir a boca dele e tirar a sua prótese dentária. Disseram que a prótese – que continha um dente de outro – foi levada para os contratantes dos pistoleiros para provar que o trabalho fora realmente morto.

Os pistoleiros ainda jogaram gasolina em pelo menos dez casas e atearam fogo. E permaneceram no local até que fosse queimando, inclusive documentos pessoais das pessoas. Cinqüenta e oito famílias foram forçadas pelo bando a abandonarem o local com o propósito de nunca mais retornarem. As famílias expulsas da área estão na cidade de Breu Branco sem ter onde ficar, algumas somente com a roupa do corpo, que foi o que sobrou do fogo.

Segundo a CPT, os possíveis mandantes do ato violento seriam os fazendeiros Vandeir e Gildásio, ambos residentes no município de Breu Branco. No ano de 1998 o Incra criou o Projeto de Assentamento Alcobaça. Como a área não comportava todas as famílias, o órgão fez uma complementação do assentamento com partes das duas áreas que hoje estão os dois fazendeiros.

As duas áreas na época pertenciam a outros proprietários. Por não concordarem com a desapropriação feita, eles as venderam, mesmo após famílias terem sido assentadas pelo Incra nas áreas. Os últimos compradores foram Gildásio e Vandeir.


Bahia

O trabalhador rural, José Campos Braga, 56 anos, foi encontrado morto com um tiro de espingarda, no final da tarde desta quarta-feira, 4 de fevereiro, na área de Fundo de Pasto de Areia Grande, município de Casa Nova, no sertão baiano.
Considerado referência na comunidade como símbolo de resistência na luta pela permanência na terra, foi visto pela última vez na sexta-feira, 30 de janeiro.


José Campos era pai de 10 filhos e resistia dentro da área, debaixo de uma lona, mesmo tendo a casa derrubada em março do ano passado.

Mais de 336 famílias de quatro comunidades, do município baiano de Casa Nova, vivem tradicionalmente numa área de uso coletivo chamado de Areia Grande, que conta com mais de 13 mil cabeças de cabras e ovelhas, vivendo da apicultura, produzindo e plantando gêneros alimentícios para seu sustento e para comercialização. Este é um caso de uso sustentável da caatinga à beira do lago formado pela represa de Sobradinho.

Desde a década de 80, os agricultores familiares sofrem ação truculenta e violenta de grileiros, com a conivência do poder público local. O conflito estourou em março de 2008, quando efetivos da Polícia Militar, agentes da Polícia Civil, e a Polícia da Caatinga, sob supervisão de um Oficial de Justiça, entraram na área tentando expulsar, de modo brutal, as famílias. Destruíram casas, inúmeros chiqueiros e currais, roçados, milhares de metros de cercados, e exigiram a imediata retirada de cerca de 3 mil caixas de colméias de abelhas instaladas no local há mais de cinco anos pelos apicultores das comunidades.

Com informações da Agência Amazônia, da CPT e do MST.

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