quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Mídia, a história a absorverá?

Por Cândido Neto da Cunha

Os dois fatos mais relevantes do ano até agora foram narrados pela mídia brasileira de forma sensacionalista e superficial. Até aí, nenhuma novidade.

Mas, talvez na pressa pela notícia pela notícia, parece que resolveram enterrar os conteúdos históricos ou criar uma outra História.

A tragédia na região serrana do Rio de Janeiro foi apresentada como a “maior catástrofe climática da historia do Brasil”. Houve quem discordasse e apresentasse um deslizamento em Caraguatatuba, São Paulo, em 1967, como a “tragédia campeã de mortes”.

Se o critério para classificar uma tragédia climática for o número de mortos, os meios de comunicação esqueceram ou ignoram as grandes secas que atingiram o semi-árido nordestino no final do século XIX e início do século XX, que mataram não dezenas ou centenas de pessoas, mas dezenas de milhares de brasileiros, talvez muitos pobres e maltrapilhos, merecedores do esquecimento por parte da mídia comercial.

Outro fato tratado de forma enviesada tem sido os processos revolucionários na Tunísia e no Egito. Aliás, o nome revolução passa longe dos noticiários e impressos, que preferem o uso dos termos “revolta” e “protestos”.

Neste episódio, a mídia tem se preocupado muito mais em falar das ameaças sobre peças arqueológicas do Egito antigo do que do peso político e estratégico deste país para todo o Norte da África e Oriente Médio, fator preponderante para os rumos que esta região tomará após a vitória ou derrotada da revolução em curso.

Fala-se também que é a primeira vez que “algo assim” (termo completamente vago) acontece em países islâmicos. Ignora-se por completo, a Revolução Iraniana de 1979 e as Intifadas palestinas de 1987 e 2000.

Ironizando uma frase de Fidel Castro, eu pergunto: será que e a história absorverá a mídia?

Comentários
1 Comentários

1 comentários:

AF Sturt Silva disse...

Espero que não...

O que mais me irrita na mídia e eles fazerem as suas reportagens do ponto de vista ocidental.Pior ainda: do ponto de vista da politica estadounidense...

Bem lembrado os casos da Palestina e do Irã.