quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Quando a democracia perde significado

Por Edilberto Sena*

Depois de amanhã [hoje] a Câmara dos Deputados em Brasília vai decidir se o salário mínimo deste ano fica mesmo em 545 reais, ou chega até 560 reais, como querem os representantes dos trabalhadores, as Centrais Sindicais. Já houve o diálogo entre as centrais unidas e representantes da presidenta Dilma Roussef. Esta se sentou à mesa de negociações, através de seus representantes, com a decisão fixa e irredutível de manter o salário mínimo em 545 reais. As centrais sindicais sentaram-se na mesa com a proposta de 580 reais.

Conversa vai, conversa vem, os trabalhadores cederam para 560 reais. A presidente deu ordem a seus subalternos a não arredor pé dos 545 reais. Encerrou-se o diálogo sem que a presidenta cedesse em nada. Enviou agora seu projeto para os deputados federais decidirem. Mas mandou recado curto e grosso, qualquer aliado que votar contra sua proposta, será punido. Em outras palavras – “ou faz o que eu mando, ou será castigado”.

É essa a democracia que apresenta o novo governo brasileiro e será essa a democracia falsificada que quer se impor ao país.

No caso da usina de Belo Monte e das outras hidrelétricas na Amazônia, o comportamento do governo federal é de ditadura disfarçada. Disse um dos subalternos que, “diálogo sempre haverá entre o governo e a sociedade, porém, o que tem de ser feito será feto pela presidenta”.

Os da oposição devem estar sorrindo e dizendo – quem mandou votar nela? Pois é. Mas o mundo está dando exemplos que ditaduras têm limite. Os povos estão aprendendo que democracia real é governo do povo e para o povo. Esse cabo de guerra ainda não foi vencido pela Presidência da República. Resta as centrais sindicais mostrarem sua força política dentro da Câmara de Deputados para ver se a presidente respeita leis. Ou, se nada acontecer lá, será que as centrais têm força para botar os trabalhadores na rua e exigir vida e desenvolvimento com justiça para todos?

*Pároco diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial do programa “RNA” de 14 de fevereiro de 2011.
Comentários
0 Comentários

0 comentários: