segunda-feira, 30 de maio de 2011

Professora do RN quer aproveitar fama para alertar sobre a educação no país

Gabriel Medeiros
Não está fácil falar com a professora Amanda Gurgel. A potiguar, que chamou a atenção do Brasil após a repercussão do vídeo de seu discurso na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, está com a agenda cheia.
Alternando participações em encontros do sindicato de professores com aparições em programas da mídia, a jovem de 29 anos não consegue mais sequer receber as ligações para o seu celular.
Mas Amanda quer mais. Ela deseja utilizar seu momento de fama em prol da educação. “Tenho que aproveitar todos os espaços que estão abertos para fazer com que atentem para a situação da educação no país”, diz ela, interrompendo a entrevista para pedir um prato de tapioca, a primeira refeição do dia, às 18h30.
Confira abaixo a entrevista exclusiva que ela concedeu ao eBand:
Você poderia relembrar como foi o dia do discurso?
A audiência pública - que tinha como tema o cenário da educação no Rio Grande do Norte - era uma atividade de militância como outra qualquer. Desde que entrei na educação, falo em nome dos professores em assembleias e encontros, então o discurso não foi novidade. Não ensaiei; apenas fiz um contraponto aos absurdos que ouvi nas falas anteriores. Não esperava esta repercussão.
Você se sente confortável em ter se transformado na porta-voz dos professores?
Não tive tempo para pensar sobre isso. As coisas têm acontecido em uma velocidade tão alta que apenas atendo à demanda. Tem sido difícil a minha rotina, que foi muito alterada. No entanto estou respondendo, porque vejo isso como uma tarefa. É uma oportunidade de abrir o debate em nível nacional.
Como encara agora o papel das redes sociais?
Olha, eu não tinha dimensão do poder que as redes sociais possuem. Eu não frequentava, tinha apenas uma conta do Orkut, que usava uma vez por semana para responder a mensagens. Diante de toda a repercussão que o discurso ganhou, me vi agora no dever de aprender mais sobre o assunto.
O que mudou no cenário da educação do Estado após o discurso?
Nada mudou em termos práticos. Não tivemos nenhuma resposta ou proposta por parte do governo. A minha rotina, apenas, é que mudou, por causa desta série de entrevistas e convites para incentivar greves nos outros Estados. Não vai ser uma fala numa tribuna que vai transformar a forma como os políticos tratam a educação. A única coisa capaz de transformar a realidade é a mobilização popular.
Há quem diga que você está usando a imagem que conquistou para se projetar politicamente e concorrer a futuras eleições.
Eu já imaginava que iriam fazer isso, desviando o foco, que é a avaliação no quadro da educação, de completo caos. É óbvio que os governos reagiriam e diriam que estou tentando me promover politicamente. Minha intenção no momento é debater a educação e não vou me desviar, entrando neste mérito.
Mas você é filiada ao PSTU. Não há uma pressão ou orientação do partido para aproveitar a visibilidade e estruturar uma candidatura?
No PSTU as decisões não são tomadas por indivíduos, e sim coletivamente. Nós nunca priorizamos eleições e isso não acontecerá agora. Iremos apenas aproveitar a oportunidade para organizar o movimento das massas.
O que os seus alunos têm falado depois de toda a repercussão do discurso?
Os alunos são ótimos. Eles não têm encarado de uma forma extraordinária, porque já sabem da minha atuação e da situação dos professores. Só reclamam por não mandar beijo para eles nas entrevistas.
Comentários
0 Comentários

0 comentários: