sábado, 16 de maio de 2009

MP 458 e criminalização: duas faces da mesma moeda

Por Ediberto Sena*

Ontem a noite [13 de maio] o Congresso Nacional mostrou ao país mais um exemplo de sua contradição representativa. Enquanto dentro do senado federal acontecia uma vigília em defesa da Amazônia, com discursos fortes de nacionalidade e preocupações com os desastres que estão sendo provocados à região, na mesma noite, no mesmo horário, do outro lado da praça, no plenário da câmara federal, a maioria dos deputados aprovava uma nova lei, encaminhada pelo presidente da republica, que legaliza a grilagem de terras, na Amazônia.

Um deputadozinho do Pará se gabava por ter sido o relator do projeto e dizia com maior cinismo, que este fato foi sua maior contribuição à história da Amazônia e do Brasil. Os outros deputados federais doPará, provavelmente votaram a favor da lei dos ruralistas. Este é o nosso país, que volta a ser uma republiqueta de banana, como eram tratados anos atrás, os pobres países da América Central, colonizados pelas multinacionais fazendas bananeiras, cujos políticos eram corruptos a serviço do capital estrangeiro.

Neste dias também, em nossa republiqueta de ruralistas, 18 militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens estão presos em Belém há quase um mês, sem julgamento, acusados de 11 crimes pela Eletronorte. Eles estavam no ato de protesto dentro do canteiro de obras da usinade Tucuruí.Eles foram acusados como criminosos, quando os crimes quem comete é aprópria empresa estatal. Ela é acusada pelos militantes do MAB de não ter indenizado corretamente milhares de famílias que foram expulsas da beira do RioTocantins, quando a imensa barragem alagou a região.

Este é o nosso país no qual autoridades eleitas pelo povo se dedicam a favorecer grandes empresas, latifundiários, grileiros e ao mesmo tempofalam em defender a Amazônia. Falam de soberania nacional, de florestaem pé, mas legalizam grilagem, fazem projetos de mega hidrelétricas sem consultar as populações a serem atingidas pelos projetos do PAC. Perseguem os pobres que vivem na Amazônia. Isto é, os criminosos utilizam o poder para acusar os movimentos populares de entraves ao crescimento econômico e por isso os mandam para a prisão quando protestam.

*Páraco diocesano e Diretor da Rádio Rural AM de Santarém -PA. Editorial de14 mai 09
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