quarta-feira, 20 de maio de 2009

Varzeiros do Baixo Amazonas sofrem com maior cheia da história

As famílias que residem nas várzeas do Baixo Amazonas tem vivido um drama proporcional ao volume de água que desce do rio neste momento. Na Amazônia, as várzeas foram tradicionalmente ocupadas e são relativamente povoadas devido a alta fertilidade dos solos destas áreas que é ocasionada pelas constantes cheias e deposição de sedimentos vulcânicos que descem dos Andes, principalmente pelos rios Solimões e Madeira (esse último, prestes a ser barrado por duas hidrelétricas gigantescas).

Desta ocupação, nasceram formas singulares de convívio com os fenômenos naturais das cheias e vazantes, com a adoção de tecnologias e métodos adequados de cultivos, criação de animais, moradia, alimentação, organização comunitária e manifestações culturais.

A grande cheia deste ano, já confirmada como a maior por historiadores e cientistas físicos, é uma verdadeira catástrofe nesta região. Embora as várzeas sejam periodicamente inundadas a cada ciclo, este ano o nível dos rios está muito acima das grandes cheias, referência para estas populações para elevação de assoalho, plantio e retirada de rebanhos.

Para piorar, segundo a imprensa, o grande volume de água ocasionou uma brusca queda na pesca, item básico na alimentação destas populações.

Uma marca muito forte aqui na Amazônia é que na várzea, com exceção de pecuaristas (que saem com o gado para áreas de terra firme), as famílias permanecem nas áreas inundadas, apenas elevando o nível do assoalho das casas através de rampas de madeira. Porém, em algumas áreas a água já cobriu o telhado e famílias inteiras e animais estão em barcos e canoas em pleno rio Amazonas ou disputando pequenas áreas com animais.

Na semana passada e no domingo, quando saia e chegava de Santarém por avião, coincidentemente em dias claros, observei como ilhas inteiras do rio Amazonas estão completamente submersas, e foi possível vê centenas de casas completamente inundadas. Uma equipe de abnegados enviados especiais do blog Língua Ferina foi conferir “in loco” a situação em algumas comunidades próximas a Santarém.

Chama atenção que a mídia local faz ampla cobertura das lojas do comércio da cidade, o “Belo Centro”, enquanto milhares de pessoas estão à míngua em pleno rio, num drama muito, mas muito maior. Isso para não falar na “Terra de Direitos” de Ana Júlia. Alguém avisa aí à governadora madeireira que direito à alimentação e à dignidade estão na Constituição.

Seguem algumas fotografias dos enviados:

Foto 01: Ilha em frente da cidade praticamente desapareceu;

Foto 02: Encontro dos volumosos rios Tapajós e Amazonas;


Foto 03: Enormes troncos descem na correnteza;



Fotos 04 e 05: Comunidade Quilombola Arapemã, completamente inundada


Foto 06: Animais ilhados


Foto 07: Outra parte da área quilombola


Foto 08: Famílias em casa com piso já próximo do teto


Foto 09: Área completamente inundada


Foto 10: Quilombolas ribeirinhos
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