Por meio da página brasileira do jornal El Pais e de seu blog Desacontecimentos, a jornalista Eliane Brum aborda um dos capítulos mais dolorosos do desastre chamado de Belo Monte: a expulsão de moradores, dos desconhecidos João e Raimunda, até a mais destacada liderança da resistência contra a hidrelétrica, Antônia Melo, e a destruição da ilha de Arapujá, em frente de Altamira, para o enchimento da represa.
Por correio eletrônico, Eliane escreve:
O Brasil tem refugiados, em seu próprio país. E sua dor é maior porque não reconhecida. Nesta minha última viagem para o Xingu encontrei pessoas traumatizadas, incapazes de reinventar uma vida se não forem escutadas. "O buraco, o buraco", diz João. É uma vítima de catástrofe.
Não é mais uma história dramática entre tantas do Brasil. É a história de um país que chegou ao presente, depois de tanto ser futuro, e se descobriu atolado no passado. O epílogo de um partido que chegou ao poder com a promessa de dar dignidade aos mais pobres e aos mais desprotegidos e os traiu na porção mais distante do centro do poder político e econômico, a Amazônia. Esta é também a anatomia de uma perversão: a de viver numa democracia formal, mas submetido a forças acima da Lei.
Junto aos textos seguem as fotografias sempre brilhantes de Lilo Clareto, algumas delas reproduzidas aqui.
Adeus, Arapujá
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O dia em que a casa foi expulsa de casa
A maior liderança popular do Xingu foi arrancada do seu lugar pela hidrelétrica de Belo Monte, a obra mais brutal –e ainda impune– da redemocratização do Brasil.
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Vítimas de uma guerra amazônica
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