‘Aventureiros’ chegam diariamente a
Pontes e Lacerda em busca de ouro. Funcionários têm deixado emprego para ir a garimpo que ‘parece cidade’.
Por Pollyana Araújo*
Por Pollyana Araújo*
A descoberta de jazidas de ouro entre
as serras da Borda e Santa Bárbara tem movimentado a pacata cidade de Pontes e
Lacerda, localizada a 483 km de Cuiabá. A notícia se espalhou nas últimas duas
semanas e muitos ‘aventureiros’, como são chamados pelos moradores da cidade,
já que muitos não são garimpeiros profissionais, migraram para a região em
busca de ouro, como relata o dono de uma concessionária na região, João Manoel
Ramirez.
Ele vendeu, nesse período, quatro veículos para esses garimpeiros, que chegaram ao município atraídos pelo ouro fácil. “Eles falaram que o dinheiro era do garimpo”, afirma.Um problema que essa descoberta causou foi a redução da oferta de trabalhadores na cidade, já que muitos optaram por ir para o garimpo. Está difícil manter os funcionários no emprego, segundo o prefeito da cidade, Donizete Barbosa (PSDB), que também é empresário na região.”Não tem trabalhadores porque as pessoas estão indo para os garimpos. Na minha empresa, de construção de rede de energia, oito funcionários faltaram ao serviço para procurar ouro. Quem ganha R$ 2 mil vai lá [no garimpo] e tira isso numa noite”, declara.
A venda do ouro encontrado nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) aqueceu o comércio. Os hotéis, por exemplo, estão lotados, segundo a presidente da Associação Comercial de Pontes e Lacerda, Regina Aparecida de Moraes.
“Alguns segmentos estão sentindo impacto maior, como as lojas que vendem ferramentas, como enxadas e pás, usadas no garimpo. Nos últimos 15 dias, esgotaram os estoques dessas ferramentas no comércio local. Os hotéis também estão cheios, principalmente aqueles mais populares, onde a estadia é mais barata, já que as pessoas vêm para trabalhar”, relata.
As veias auríferas foram encontradas pelos moradores do município de 41.408 habitantes, segundo o IBGE, que, após acharem grandes quantidades do metal precioso, começaram a circular imagens de grandes pepitas pelas redes sociais e pelo WhatsApp, o que deve ter contribuído com o aumento da migração para aquela região.
“Antes, a cidade era mais tranquila e agora têm muitas pessoas de fora circulando. A cidade está mais movimentada. É notório isso”, enfatiza a representante do comércio no município.
Ele vendeu, nesse período, quatro veículos para esses garimpeiros, que chegaram ao município atraídos pelo ouro fácil. “Eles falaram que o dinheiro era do garimpo”, afirma.Um problema que essa descoberta causou foi a redução da oferta de trabalhadores na cidade, já que muitos optaram por ir para o garimpo. Está difícil manter os funcionários no emprego, segundo o prefeito da cidade, Donizete Barbosa (PSDB), que também é empresário na região.”Não tem trabalhadores porque as pessoas estão indo para os garimpos. Na minha empresa, de construção de rede de energia, oito funcionários faltaram ao serviço para procurar ouro. Quem ganha R$ 2 mil vai lá [no garimpo] e tira isso numa noite”, declara.
A venda do ouro encontrado nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) aqueceu o comércio. Os hotéis, por exemplo, estão lotados, segundo a presidente da Associação Comercial de Pontes e Lacerda, Regina Aparecida de Moraes.
“Alguns segmentos estão sentindo impacto maior, como as lojas que vendem ferramentas, como enxadas e pás, usadas no garimpo. Nos últimos 15 dias, esgotaram os estoques dessas ferramentas no comércio local. Os hotéis também estão cheios, principalmente aqueles mais populares, onde a estadia é mais barata, já que as pessoas vêm para trabalhar”, relata.
As veias auríferas foram encontradas pelos moradores do município de 41.408 habitantes, segundo o IBGE, que, após acharem grandes quantidades do metal precioso, começaram a circular imagens de grandes pepitas pelas redes sociais e pelo WhatsApp, o que deve ter contribuído com o aumento da migração para aquela região.
“Antes, a cidade era mais tranquila e agora têm muitas pessoas de fora circulando. A cidade está mais movimentada. É notório isso”, enfatiza a representante do comércio no município.
Quase uma cidade
A movimentação entre as serras, a aproximadamente 30 km do perímetro urbano de
Pontes e Lacerda, é intenso, que, de acordo com o autônomo Júlio Cesar Ferreira
de Souza, que mora na cidade, ‘parece uma cidade’. “Deve estar beirando umas 2
mil pessoas. Tem idosos, crianças, famílias. Algumas ficam o tempo todo lá, se
revezando em turno de 12 horas”, conta.
Ele
foi ao local quatro vezes, sendo que a primeira há 10 dias para conhecer, e, no
dia seguinte, retornou para tentar encontrar pepitas. “Eles cavam
[garimpeiros], passam o aparelho, pegam as pedras maiores, sobem a terra para
cima e lá tem outra equipe para pegar as pepitas menores. Daí a gente pode
mexer nessa terra”, diz. O grama do ouro naquela região está sendo
comercializado em torno de R$ 100.
Júlio
explicou que o dono de uma propriedade rural, que compreende parte do garimpo,
fechou o acesso ao local explorado e os ‘aventureiros’ arrumaram outra
alternativa para chegar ao local. No entanto, o acesso é pago.
“Um
vizinho está cobrando R$ 50 por veículo para passar na propriedade dele. Esse
acesso é mais rápido e fica a 600 metros do local de acesso à subida [da
serra]”. No local, só é possível subir a pé.
‘Fora de controle’
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) informou que, possivelmente, o garimpo nessa região, entre essas duas serras, funciona de maneira ilegal, já que não consta nenhuma autorização ou pedido de licença para exploração da área no órgão.
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) informou que, possivelmente, o garimpo nessa região, entre essas duas serras, funciona de maneira ilegal, já que não consta nenhuma autorização ou pedido de licença para exploração da área no órgão.
Por
meio de assessoria, a pasta afirmou que a situação no garimpo estaria fora de
controle e que, por causa disso, não será possível encaminhar um técnico do
órgão para verificar o caso in loco. Desse modo, a questão está sob a
responsabilidade da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp).
A
Sema não confirmou que a área ocupada por garimpeiros é de preservação
permanente, como informou o prefeito, mas adiantou que não se pode ter garimpo
nesse tipo de área, independentemente de ser propriedade particular ou não.
Além disso, para a exploração de qualquer subsolo é necessário ter permissão da
União.
Em
nota, a Sesp informou que a situação está sendo monitorada. “O Grupo Especial
de Segurança na Fronteira (Gefron) também está atento à situação, para
preservar a ordem pública e prevenir qualquer conflito na região, localizada na
fronteira com a Bolívia. No entanto, até o momento não foi registrado nenhum
crime transfronteiriço que exija a atuação do Gefron no local”, diz.
Sem autorização da União
O superintendente regional do Departamento Nacional de Proteção Mineral (DNPM), Márcio Amorim, diz que a área encontra-se em fase de pesquisa para fins de exploração mineral e que a licença não foi expedida por questões burocráticas do governo. “As pessoas estão lá sem autorização para extração de bens minerais e podem responder pelo crime de usurpação de bens públicos e podem ser processadas com base na legislação vigente”, destaca.
O superintendente regional do Departamento Nacional de Proteção Mineral (DNPM), Márcio Amorim, diz que a área encontra-se em fase de pesquisa para fins de exploração mineral e que a licença não foi expedida por questões burocráticas do governo. “As pessoas estão lá sem autorização para extração de bens minerais e podem responder pelo crime de usurpação de bens públicos e podem ser processadas com base na legislação vigente”, destaca.