sexta-feira, 25 de julho de 2008

Asfaltamento (ou não!) da BR-163 é matéria nacional


Recebi sugestão de leitura do jornal Valor que essa semana publicou, no dia 23, três matérias sobre o asfaltamento da BR-163. As matérias assimilam um discurso que a presença do Estado na região só poderia vir acompanhada do asfalto, além de outros pontos de vista de senso comum sobre a regularização fundiária e os planos de manejo florestal. Mesmo assim, vale a pena dar uma lida. As matérias são do jornalista Mauro Zanatta.

Morosa, BR-163 ainda faz papel de elo com passado

Na manhã de uma quarta-feira de junho, no coração da Amazônia, o madeireiro Rusever Oliveira, 43 anos, comanda o ritmo frenético da empilhadeira que separa dezenas de toras de espécies nobres da região. No pátio de sua serraria, em Castelo de Sonhos, distrito de Altamira (PA) de 10 mil habitantes cortado pela BR-163, os troncos derrubados ilegalmente secam sob o sol abrasador e um grosso poeirão. As encomendas vêm de toda parte. Um caminhoneiro de Maringá (PR) reclama do atraso no pedido e um fazendeiro consulta o preço de algumas tábuas. Naquele dia, o metro cúbico do ipê-champanhe era comprado a R$ 150 e vendido a R$ 350 por Rusever.

A 23 quilômetros dali, longe dos negócios madeireiros, o ex-garimpeiro gaúcho Telmo Davies, 57 anos, acabara de estender no varal de casa retalhos de carne bovina cedidos por um fazendeiro vizinho. Rodeado por uma pequena roça de mandioca e meia dúzia de galinhas, Davies ocupa sozinho o primeiro lote do Assentamento Brasília, criado pelo Incra há três anos. Ali, tem apenas a companhia do rádio de pilha e de dois vira-latas. Sem energia elétrica nem água, vive com R$ 150 do aluguel de uma casa em Castelo. Também não tem o título de posse da terra. Cesta básica, bolsa-família e aposentadoria nunca beneficiaram o migrante.

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Governo promete acelerar obras e regularizar terras

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, diz que, até agosto, serão lançados os editais para 50 planos de manejo dentro das florestas nacionais e reservas extrativistas. "Nas unidades de conservação, vamos repassar os planos do Ibama para o SFB [Serviço Florestal Brasileiro] dentro do conceito de gestão das florestas públicas para produção sustentável", disse ao Valor.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, anunciou no início de julho, em Novo Progresso (PA), uma força-tarefa de 120 funcionários do Incra e do Exército para mapear 7,7 milhões regularizar a posse de três mil imóveis em quatro municípios na região da BR. "Não podemos mais olhar para esta terra como se só existisse grileiro ou desmatamento: aqui tem trabalho, tem gente que trabalha", afirmou Cassel.

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Asfalto alimenta sonhos de uma vida melhor na região

A BR-163 corta Guarantã do Norte ao meio. Mas a pavimentação acaba antes de cruzar toda a cidade do "nortão" de Mato Grosso, quase na divisa com o Pará. Uma nuvem de poeira em suspensão, que impregna o último município no eixo da rodovia servido por asfalto, pode ser vista de longe.

Guarantã do Norte tem poucas ruas e avenidas pavimentadas, mas obsessão pelo asfaltamento. Primeiro, porque ainda tem 120 quilômetros de vias urbanas em estado bruto. Depois, porque sofre enorme pressão nos serviços de saúde e assistência social com o atendimento de moradores dos lugarejos ao norte do eixo da BR-163. Há também gastos
prosaicos, como os R$ 20 mil anuais pagos a caminhões-pipa para molhar as ruas do centro.

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