quinta-feira, 17 de abril de 2008

Pastoral culpa cultivo da cana pela escravidão

Expansão da lavoura aumentou trabalho degradante
São Paulo

A expansão das plantações de cana-de-açúcar foi apontada como principal responsável pelo crescimento do trabalho escravo no país em 2007. Segundo dados do caderno Conflitos no Campo 2007, divulgados, ontem, pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), o número de trabalhadores explorados subiu de 6.930, em 2006, para 8.635, no ano passado.

O crescimento mais significativo foi registrado na Região Sudeste, onde o número passou de 279 para 705. A região concentra as maiores lavouras de cana no país.

No Centro-Oeste, o número de trabalhadores explorados chegou a 2.653 no ano passado, quase o dobro do registrado em 2006. No Sul, mais que duplicou (108 para 229).

Desrespeito

Dos 5.974 trabalhadores libertados em 2007, 52% saíram das usinas do setor sucroalcooleiro. Dos casos de desrespeito à legislação trabalhista registrados pela CPT, o setor ocupa a primeira colocação.

- Isso tem a ver claramente com o aumento das exportações de etanol e cana-de-açúcar - avaliou o geólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e analista da CPT, Carlos Walter Gonçalves. A violência do poder privado, das empresas, está crescendo com o aumento da exportação de commodities (bens primários com cotação internacional).

Ainda de acordo com a publicação, em 2007 foram registradas 265 ocorrências de trabalho escravo, três a mais do que no ano anterior. O número de trabalhadores libertados passou de 3.633 para 5.974.

O conselheiro da CPT e ex-presidente da comissão, dom Tomás Balduíno, criticou as três esferas do Poder Público pelo crescimento do trabalho escravo.

- O Executivo solta verbas para essas empresas. Onde está a PEC (projeto de emenda à Constituição) que confisca terras de quem utiliza mão-de-obra escrava? O Judiciário é campeão em indústria de liminares a favor do grande e contra o pequeno - afirmou.

O documento foi apresentado no acampamento de trabalhadores rurais montado para o lançamento da Campanha pelo Limite da Propriedade da Terra, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Fonte: Folhapress/ABr
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