sexta-feira, 18 de abril de 2008

Direção do MST esclarece bloqueio de trilhos da Vale

MANIFESTAÇÃO CONTRA A VALE NO PARÁ

1- O MST esclarece que a obstrução dos trilhos da Estrada de Ferro Carajás, em Parauapebas (PA), na manhã desta quinta-feira (17/4), foi realizada pelo MTM (Movimento dos Trabalhadores na Mineração), que faz uma série de protestos para denunciar a exploração da empresa mineradora Vale e exigir a retomada de parte da área

2- Um funcionário da mineradora admitiu que a Vale orientou seus maquinistas a não parar o trem e passar por cima dos manifestantes. A irresponsabilidade da Vale deixou 22 trabalhadoras e trabalhadores feridos quando a sua locomotiva passou por cima de troncos de árvores no local do protesto de hoje.

3- Cerca de 500 soldados da Polícia Militar do Pará ameaçam invadir o acampamento do MTM. Helicópteros sobrevoam a área e assustam as famílias, deixando a situação tensa. Esperamos que o governo do estado cumpra o seu papel de garantir a integridade dos manifestantes.

4- A Vale supostamente defende o Estado democrático de Direito, no entanto, faz apologia à violência contra os trabalhadores, que têm o seu direito de manifestação garantido na Constituição de 1988 e faz parte da dinâmica do jogo democrático. A Vale alega também que não tem responsabilidade diante da questão agrária, mas concentra terras, renda e explora recursos naturais de maneira predatória para o meio ambiente.

5- A diretoria da Vale demonstra intolerância e truculência contra os trabalhadores sem-terra, em particular, e contra o povo brasileiro, em geral, com suas declarações que legitimam a violência e atacam a democracia. A Vale vem criminalizando os movimentos populares ao criar um clima de terror, incentivando a violência contra famílias sem-terra, que classifica de “bandidos” por fazerem a luta por melhores condições de vida. A Vale usa os meios de comunicação empresariais e as agências de publicidade para confundir a opinião pública e pressionar os governos para que reprimam os protestos populares.

6- O MST apóia as manifestações que denunciam a responsabilidade da Vale por suas ações criminosas e danos sociais, impostos às comunidades que vivem em torno das suas instalações, aos garimpeiros e seus trabalhadores. A Vale comete crimes ambientais e sociais, sendo a empresa campeã em multas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

7- Um conjunto de organizações populares, sindicatos, estudantes, intelectuais, pastorais sociais e partidos políticos questionam na Justiça a venda desse patrimônio do povo brasileiro, no governo Fernando Henrique Cardoso, que consideramos uma traição à Nação. Em 2007, mais de 40 organizações promoveram um plebiscito popular sobre a retomada da Vale por conta das irregularidades da privatização. O resultado demonstra que 3,7 milhões de brasileiros defendem que a mineradora volte a ser uma empresa pública.

8- O MST vai continuar a luta contra o latifúndio, a monocultura para exportação e as empresas transnacionais, que não representam uma solução para os pobres, e contra as empresas que ferem a soberania nacional. A sociedade precisa criar condições para o atendimento das necessidades sociais, econômicas e políticas da maioria da população, o que não vai acontecer pela eliminação dos pobres do campo nem com o êxito de uma empresa privada que só está preocupada com o futuro do país nos comerciais de TV.

Fonte: DIREÇÃO NACIONAL DO MST
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