domingo, 9 de março de 2014

Por questões políticas, mídia brasileira ignora tragédia climática na Bolívia


A atual situação em que passam centenas de municípios bolivianos é deplorável, informou nesta quinta-feira (06), o comitê das Nações Unidas para a ajuda humanitária.

Rios transbordaram matando pessoas e muitos animais, além de espalhar muitas doenças Bolívia adentro. Os departamentos de Santa Cruz, Cochabamba e Beni são os mais afetados.
De acordo com o levantamento realizado pelo Serviço Nacional de Meteorologia e Hidrologia da Bolívia (Senamhi), o país já enfrentou períodos de chuva muito volumosa e duradoura, bem mais expressiva que a verificada nos meses de janeiro e fevereiro de 2014, com totais acumulados de até 800 milímetros, mas nunca na história climática do país houve uma reação em série de enchentes de grandes proporções.

O departamento de Beni, sem dúvidas, é o mais afetado pelas enchentes avassaladoras, que já resultaram na morte de mais de meio milhão de cabeças de gado, segundo informações repassadas pelo Ministério da Agricultura do país. O número de mortos já passa de 60 e de desabrigados, mais de 300 mil.

As regiões de Riberalta, às margens dos rios Beni e Madre de Dios e de San Joaquin, San Ramon e Magdalena, ambos entre as bacias dos rios Mamoré e Itonomas são as mais afetadas, onde a inundação simplesmente fez desaparecer cidades e fazendas inteiras.

O governo da Bolívia, que por sinal, munido de dados meteorológicos embasados, tem como principal julgamento, a construção de duas barreiras para o escoamento das águas: As hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, que enfrenta a sua maior enchente de que se tem registro.

Na madrugada desta quinta-feira, o rio Madeira chegou a 18,85 metros em Porto Velho, além do recorde de 17,51 metros registrado em 08 de abril de 1997.

O enlace entre o Governo Federal e as construtoras do rio Madeira parece não ter surtido efeito em tanta desgraça no país vizinho, tanto que até a imprensa brasileira de longo alcance tem preferido mostrar a magia do Carnaval e as preparações para o gasto do dinheiro público com a Copa do Mundo a que englobar em suas pautas a possível culpa de um governo, que teve anos de estudo socioambiental para com a atual realidade.

Ainda de acordo com o governo da Bolívia, desde 2006, processos foram abertos contra a construção das usinas hidrelétricas em Rondônia, pois por menor que fosse o represamento do fio d’água nos reservatórios, a vazão das águas do Madeira no período de chuva seria afetada.

A comprovação, longe de qualquer tipo de documentação, argumento ou tese de doutorado vem das imagens de agora. De um povo que sofre a cada dia e jamais vê quem orquestrou toda a demanda do progresso energético brasileiro prestar solidariedade os irmãos bolivianos.

Mostram sim, ajuda mútua à partidários governantes e prefeitos que apoiam o atual governo, que necessariamente neste momento não são os mais necessitados.

O peso da imprensa brasileira casada com a política do governo federal cala a boca para a população e tudo permanece no obscuro, como se as cenas de agora já tivessem sido registradas, documentadas no passado, ou seja, antes das usinas que juntas vão levar o progresso em energia, mas a desgraça ambiental e econômica a uma parte do Brasil e da Bolívia.



Fonte: De Olho no Tempo- Meteorologia

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