domingo, 21 de abril de 2013

Polícia dispersa protesto contra a Vale em Moçambique

Nesta semana, policiais dispersaram com balas de borracha e gás lacrimogênio um protesto de moradores reassentados para a instalação de uma mina de carvão da mineradora Vale, no sudeste da África. Os manifestantes bloqueavam desde a tarde de terça-feira a ferrovia pela qual a empresa escoa sua produção.

Segundo reportagem da BBC, os manifestantes eram oleiros (produtores de tijolos de cerâmica) que dizem não ter recebido toda a indenização que haviam acordado com a empresa em razão do realojamento.

Desde 2011, a Vale opera na província moçambicana do Tete (noroeste do país), a maior mina de carvão a céu aberto do mundo. A empresa diz que já pagou a indenização e que desenvolve na região ações "para incrementar a produção e renda no nível microempresarial que permitirão a integração dos oleiros nessas atividades".

Segundo a Ação Acadêmica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais (Adecru), movimento que apoia a manifestação, cerca de 500 pessoas - em sua maioria jovens oleiros - participavam do protesto quando, por volta das 17h locais (13h de Brasília), 40 policiais usaram gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersá-las.

"Eles fugiram para as matas e temos informações de que há feridos", afirmou à BBC Brasil Adriano Vicente, gestor de programas da Adecru.

Jeremias Vunjanhe,  da organização Justiça Ambiental, que também apoia os manifestantes, diz que alguns moradores que fugiram durante a operação ainda não foram localizados por familiares.

Vicente diz que, desde o início da operação da mina da Vale, centenas de famílias de oleiros desalojadas perderam "o único meio de vivência que tinham".
As famílias, segundo ele, foram deslocadas para áreas onde o solo não permite a atividade oleira ou onde já existem outros produtores.
Para compensá-las pelo deslocamento, de acordo com Vicente, a Vale teria oferecido uma indenização de 120 mil meticais (cerca de R$ 8 mil) a cada família.
No entanto, ele diz que só 60 mil meticais (R$ 4 mil) foram pagos desde então.
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