O líder quilombola Artêmio Gusmão,
conhecido pelo apelido de Alaor, foi assassinado na última sexta-feira (04),
por volta de 19h. O crime foi praticado quando Alaor voltava para a comunidade,
após assistir à partida entre Brasil x Colômbia, na Vila Camarial.
Parentes da vítima viram a moto em que
Alaor estava caída em uma estrada e com muitas manchas de sangue. Após horas de
busca pela mata, o corpo do quilombola foi encontrado na manhã deste sábado
(05), degolado e esquartejado. No ano passado, dois irmãos de seu Alaor também
foram assassinados em virtude de conflitos fundiários. Outras pessoas da mesma
família também estão sob ameaça de morte.
A ouvidora do Sistema de Segurança
Pública, Eliana Fonseca, foi acionada ainda durante as buscas pelo corpo, no
meio da madrugada. A ouvidora comunicou o delegado geral José Firmino esta
manhã. Ainda não há pista das pessoas que cometeram o crime.
Artêmio Gusmão era coordenador da
comunidade Mancaraduba, localizada em uma área de terras de competência do
governo federal com pretensão quilombola. O processo de reconhecimento está na
Justiça Estadual e é contestada pela empresa Biopalma. Em novembro do ano
passado, esta comunidade denunciou uma operação policial abusiva e o caso está
sendo acompanhado pela Ouvidoria da Segup, Sociedade Paraense de Defesa dos
Direitos Humanos (SDDH) e pelo movimento quilombola Malungu. As terras estão no
município do Acará, mas fazem fronteira com Tailândia e Tomé Acu.
A Associação de Moradores dos
Quilombos do Alto Acará (Amarqualta) possui um dossiê que informa que
Artêmio estava sendo ameaçado por um madeireiro e informou isso na última
semana a algumas autoridades federais. A associação também já denunciou
vários crimes ambientais e de grilagem de terras, sem que a situação tenha sido
solucionada.
A SDDH considera que a situação está
fora de controle, pois o Estado é omisso e a pistolagem, grilagem de terras,
uso de documentos de terras falsificados e crimes ambientais têm ocorrido
indiscriminadamente na área. Apesar de denunciados, os órgãos de fiscalização e
controle ainda não se fizeram presentes na defesa da vida e do território
quilombola em questão.
Fonte: Diário do Pará Online
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