terça-feira, 13 de outubro de 2009

O gás e os projetos de assentamentos

Duas matérias no Jornal Nacional de hoje mostram que o tele-jornal faz jus aos seus 30 anos de distorção da realidade.

Na primeira delas, diz-se que apesar do preço do gás de cozinha está tabelado nas refinarias há anos, o preço para o consumidor continua subindo e até “pressiona” a inflação (
Consumidores pagam mais pelo gás de botijão ). A matéria segue com os espertalhões do ‘mundo do gás’ justificando o injustificável. Na reportagem, a saída para a questão seria os ‘consumidores’ usaram da ‘criatividade’ como ficar no pé do fogão para evitar desperdício no cozimento. Ou seja, resta aos consumidores arcar, além do aumento do preço, com o ônus desta subida, devendo apenas usar a “criatividade” para solucionar o problema. Só faltou recomendar comer carne crua ou ressuscitar o fogão à lenha para livrar a cara dos especuladores.

A segunda matéria foi a ênfase dada a uma pesquisa do Ibope feita com supostos 1.000 assentados do Programa de Reforma Agrária do INCRA, encomendada pelos ruralistas da CNA (
Alerta: parte dos assentados não pro...). Apesar da matéria não parecer ser muito tendenciosa, já que teria sido dado direito de contestação ao ministro do MDA, Guilherme Cassel, as entrelinhas revelam muito. Primeiro, fala-se na questão da produtividade e em seguida da renda, dois itens básicos de um projeto, sem correlacionar isso à falta de infra-estruturas nos assentamentos que é responsabilidade do governo federal. O próprio ministro Cassel, de quem não sou muito fã, questionou que os números recentes do Censo Agropecuário vão de encontro aos dados da pesquisa, mas a emissora preferiu não falar nada sobre a pesquisa do IBGE. É evidente que os projetos de assentamentos enfrentam enormes problemas, boa parte dele por culpa do próprio Estado. Mas, como uma pesquisa de opinião feita em alguns poucos assentamentos seria capaz de representar a complexidade estrutural, organizativa, produtiva ou mesmo a percepção dos assentados?

Como se percebe, o objetivo não é informar e sim deformar a opinião do público.
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