segunda-feira, 26 de outubro de 2009

MST busca aliados para barrar CPI

O Movimento dos Sem-Terra (MST) já definiu sua estratégia para enfrentar a CPI criada na semana passada para investigar possíveis irregularidades no repasse de verbas públicas para a organização: vai tentar levar o debate para fora do Congresso. Nos últimos dias, líderes dos sem-terra já estiveram reunidos com representantes de centrais sindicais, diretórios estudantis, movimentos sociais e partidos políticos para articular manifestações em centros urbanos a favor do MST e da reforma agrária e contra a CPI.

"A parte principal da reação vai ocorrer no Congresso", explica João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST. "Ao criar essa CPI para policiar o movimento, os ruralistas fizeram o favor de trazer o tema da reforma agrária de volta à pauta dos grandes temas nacionais. Agora vamos aproveitar a oportunidade para organizar manifestações e debates e mostrar que o modelo do agronegócio defendido pelos ruralistas é caro, gera pouco emprego e não é tão produtivo como se diz.

O propósito do MST é não ficar na defensiva. Além de atacar o agronegócio, quer aprofundar o debate sobre a revisão dos índices de produtividade rural. Seus líderes do movimento estão convencidos de que foi esse tema que deu origem à proposta da CPI.

O anúncio da revisão provocou reações tão fortes dos porta-vozes dos ruralistas que o assunto foi posto de lado pelo Palácio do Planalto. "Mas a reação não parou", diz Rodrigues. "Foi ali que surgiu a proposta da CPI.
Abatida num primeiro momento, ela tornou a ficar em pé logo em seguida, com a divulgação da pesquisa sobre assentamentos encomendada pela Confederação Nacional da Agricultura ao Ibope. A ação no laranjal da Cutrale, em São Paulo, foi usada como parte da estratégia conservadora. Ela unificou o setor do agronegócio."

Não é só o debate sobre índices que o MST quer retomar. Seus líderes desejam aproveitar o debate para fermentar a ideia de que o tamanho da propriedade rural no Brasil precisa ser limitado. Até agora essa proposta tem sido defendida principalmente pelas pastorais sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) - aliadas históricas dos sem-terra.

Fontes: Diário do Nordeste/O Estado de S. Paulo.
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