sexta-feira, 16 de abril de 2010

Carta Internacional dos Atingidos pela Vale


Nós, mais de 160 participantes de 80 organizações, movimentos sociais e sindicais da Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Equador, França, Itália, Moçambique, Nova Caledônia, Peru, Taiwan, nos reunimos nos dias 12 a 15 de abril de 2010 no Rio de Janeiro para o I Encontro Internacional de Populações, Comunidades, Trabalhadores e Trabalhadoras atingidos pela política agressiva e predatória da companhia Vale.

A propaganda da Vale nos lembra todos os dias que ela é brasileira e que trabalha com “paixão” para promover o “desenvolvimento sustentável” internacionalmente e para garantir um futuro para nossas crianças. Utiliza em suas propagandas a imagem de pessoas ilustres e artistas famosos. No entanto, durante o Encontro Internacional constatamos que sendo ela uma empresa transnacional, trabalha única e exclusivamente para seus acionistas e para o grande capital.

Denunciamos as violações dos direitos humanos, exploração de trabalhadores e trabalhadoras, precarização das condições de trabalho, destruição da natureza e o desrespeito às comunidades tradicionais, periferias urbanas e sindicalistas. Os depoimentos mostram as resistências e conquistas de trabalhadores e comunidades que convivem com empreendimentos de longo prazo como os localizados em Barcarena, Marabá, Parauapebas no Pará e em Açailândia e São Luís-MA (Eixo Carajás); Sudbury, Voisey’s Bay, Thompson e Port Colborne, no Canadá; minas de níquel na Nova Caledônia e na Indonésia; minas de ferro em Itabira e Congonhas-MG; hidrelétrica de Aimorés - MG; Siderurgia de Anchieta- ES; Companhia Siderúrgica do Atlântico – TKCSA-RJ.

Outras lutas de enfrentamento à instalação de empreendimentos ou contra a sua execução, como: complexo siderúrgico de Pecém-CE; usina termoelétrica de Barcarena-PA, Pantanal-MS; Hidrelétrica de Belo Monte-PA; Projeto Rio Colorado na Argentina, depósito de rejeitos na lagoa Sandy Pond, Newfoundland, Canadá; Serra do Gandarela e Capão Xavier-MG, novos projetos de mineração em doze localidades da Bahia, Canaã dos Carajás e Ourilândia-PA; Projeto Tres Valles no Chile, projetos em Cajamarca e San Martin de Sechura no Peru e a mina de carvão de Moatize em Moçambique. A vida das comunidades, dos trabalhadores e trabalhadoras e de todo o planeta deve estar acima do lucro desenfreado das grandes empresas transnacionais.

Atrás de uma falsa imagem verde e amarela, a Vale destrói e mata ecossistemas e comunidades inteiras. Estamos aqui porque acreditamos na vida e no bem viver. Estamos aqui porque resistimos. Estamos aqui porque os bens da natureza devem estar nas mãos dos povos.

Estamos aqui porque acreditamos na humanidade e na sua capacidade de luta. A partir desse momento fortaleceremos o seguimento e denúncia de cada passo dessa empresa, ampliando a luta, a resistência e a construção de alternativas a esse modelo explorador e depredador.

Assim, convocamos as comunidades que atualmente sofrem com os grandes empreendimentos mineradores, a sociedade civil, os trabalhadores e trabalhadoras da Vale, movimentos e organizações sociais, pastorais sociais, estudantes e professores para participar da construção desse novo momento da luta internacional de enfrentamento à Vale.

TRABALHADORES EXPLORADOS, FAMÍLIAS DESPEJADAS, NATUREZA DESTRUÍDA... ISSO VALE?
GLOBALIZEMOS A LUTA, GLOBALIZEMOS A ESPERANÇA!

Assinam: ADUFRJ-Seção Sindical; Agence Kanak de Development (New Caledônia); Agrupacion Defensa Valle Chalinga (Chile); Amigos da Terra Brasil / Casa - Centro de Apoio Socioambiental; Associação em defesa de reclamantes e vitimados por doença do trabalho na cadeia produtiva de alumínio e mineração; Asambla Popular por el Agua (Argentina); Ass. Comunitária de Apoio e Assistência Jurídica (Moçambique); Ass. de Lavradores da Colônia Santa Rita; Assembleia Popular; Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais- AATR; Associação de Moradores da Chapada do Á; Associação de Moradores de Belo Horizonte; Associação de Moradores de Chapada; Associação de Moradores de Piquiá; Associação de Moradores de Ubá - Anchieta; Associação de Pescadores de Ubá – Anchieta; Associação dos Moradores do Porto; Associação Mov. Paulo Jackson Ética, Justiça e Cidadania; Baia de Sepetiba pede Socorro (Comitê); Centro de Apoio e Pesquisa ao Pescador; Centro para a Integridade Política (Moçambique); CNTSM - Conf. Nac. Dos Trabalhadores do Setor Mineral; Colectivo Comunal de Reflexos Sechura (Peru); Comissão Pastoral da Terra; Comitê de Defensa Valle Chuchiñi(Chile); Comuna Verde; Comunidade do Curupere - Vila do Conde; Comunidade Congonhas; Comunidad Campesina San Martin de Sechura (Peru); Conlutas; Consulta Popular; CPDA; CPT-Bahia;Desenvolvimento e Paz (Canadá); ECOA - Ecologia e AçãO; ETTERN/IPPUR/ UFRJ; FASE; FIAN - Rede de Informação e Ação pelo direito a se Alimentar; FIOCRUZ; Fórum Carajás; Frente Defensa Cuenca Rio Cajamarquino (Peru); Fundação Open Society (Angola); Gambá- Grupo Ambientalista da Bahia; Gesta – UFMG; GRUFIDES – Grupo de Formación e Intervención para El Desarollo Sostenible (Peru); Grupo de Estudos e Pesquisas Trabalho e Sociedade (GEPTS) / UFMA; Grupo de Estudos sobre Mineração / Pós graduação UFRJ; Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA / UFMA); IEB - Instituto Internacional de Educação do Brasil; IIEB; IBASE; ILAESE; Instituto Rosa Luxemburgo; Justiça Global; Justiça nos Trilhos (Itália); Kobra / FDCL (Alemanha); Liga de Justiça Ambiental (Moçambique); MAB - Movimentos dos Atingidos por Barragens; Mines and Communities; MiningWatch Canadá (Canadá); Misereor (Alemanha); Missionários Combonianos de Salvador; Movimento pelas Serras e Águas de Minas; MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra; MTD - Movimento dos Trabalhadores Desempregados; NINJA (Núcleo de investigação em Justiça Ambiental); Núcleo Piratininga de Comunicação; Núcleo Tramas – Univ. Federal do Ceará; Observatório Latinoamericano de Conflictos Ambientales - OLCA (Chile); OCMAL – Observatório de Conflictos Mineros em America Latina (Equador);Org. Indígena do Ceará (Anacé); Organización Ambiental de Salamanca - OCAS (Chile); Pastoral do Menor; PACS; PCB (Partido Comunista Brasileiro); PPGSA /IFCS/ UFRJ; Presidente Associ. de Moradores Comunidade Antonio Maria Coelho; PSTU; Rede Alerta Contra o Deserto Verde; Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais; Rede Comuna Verde – GAMA; Rede Social de Justiça e Direitos Humanos; Rede Brasileira de Justiça Ambiental;Red de Organizaciones Sociales de La Província Del Choapa (Chile); Salve a Selva (BR / Alemanha); Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – STTR; Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários MA, PA e TO; CUT –MA; Sindicato Metabase – Congonhas – MG; Sindicato Metabase - Itabira – MG; Sindimina –RJ; SINTEPP - Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará; Sinticim–Sindicato (Moçambique); Sociedade Maranhense de Direitos Humanos –SMDH; Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos – SDDH; Terra de Direitos; UNAC (União Nacional de Camponeses- Moçambique); United Steelworkers, Canadian National Office USW (Canadá); Via Campesina Brasil.
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