Um levantamento da Ong
Transparência Brasil divulgado no
sítio da revista Carta Capital apontou uma lista de políticos que
receberam dinheiro de empresas listadas no Cadastro de Empregadores que
tenham submetido trabalhadores a condições análogas às de escravo, a
chamada “Lista Suja do
Trabalho Escravo” , que é elaborada e atualizada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego e pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos semestralmente.
O Cadastro possui
atualmente 609 (seiscentos e nove) nomes de empregadores flagrados na prática
de submeter trabalhadores a condições análogas às de escravo, sejam pessoas
físicas ou jurídicas. Desse total, o estado do Pará apresenta o maior número de
empregadores inscritos na lista, totalizando 27%, sendo seguido por Minas
Gerais com 11%, Mato Grosso com 9% e Goiás com 8%. A pecuária constitui a
atividade econômica desenvolvida pela maioria dos empregadores (40%), seguida
da produção florestal (25%), agricultura (16%) e indústria da construção (7%).
O levantamento realizado
pela Transparência Brasil inclui não só doações para as eleições de 2014, como
de eleições anteriores (2002, 2004, 2006, 2008, 2010, 2012 e 2014, até a última
prestação de consta parcial, com dados de setembro). No caso de empresas,
também foram buscados os nomes dos donos, sócios e administradores.
Entre os candidatos a
Presidência, o único nome incluído na lista é o de Aécio Neves (PSDB) que
recebeu doações nos anos de 2002 e 2006, quando foi candidato ao governo de
Minas Gerais.
No estado do Pará, a Usina
Siderúrgica de Marabá S.A (Usimar) doou, desde 2004, cerca de R$ 1,5 milhão de
reais para vários candidatos. Em 2006, 20 trabalhadores foram libertados por
fiscais do Ministério do Trabalho em ação em que a Usimar foi responsabilizada
por manutenção
de trabalhadores em condições análogas à escravidão . A libertação dos
20 trabalhadores ocorreu em área de produção de carvão vegetal, no município
paraense de Abel Figueiredo, dentro dos projetos de assentamentos do Incra,
Água Azul e Paraíso Azul. O carvão seria fornecido para a Usimar para uso em
fornos e produção de ferro-gusa. Em abril de 2007, a
Usimar foi multada pelo Ibama por consumo de carvão ilegal. No ano
seguinte, foi autuada pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará (Sema)
por não ter cumprido condicionantes para a proteção do meio ambiente.
São 11 candidatos
paraenses que receberam doações de empresas flagradas com trabalho escravo. Eles
são 17% do total apontado (61). Vários deles possuem base e domicílio eleitoral na região oeste do estado.
Veja abaixo o nome de todos
os candidatos paraenses que receberam doações eleitorais de pessoas e empresas
denunciadas por manutenção de trabalhadores por trabalho escravo
(Atualizando: Abaixo de cada perfil, a situação dos candidatos após a realização do 1° turno em 05 de outubro de 2014*):
Ana Julia Carepa (PT): a
ex-governadora e ex-senadora e agora candidata a deputada federal recebeu em
2004 R$ 169.000,00 da Usimar e R$ 15.327 de Quintino Pereira de Araújo, que
segundo a lista suja do MTE mantinha 7 trabalhadores em condições análogas ao
trabalho escravo no município de Igararpé Mirim (PA), na atividade de cultivo
de açaí;
Situação após 05 de outubro: não se elegeu
Dudimar Paxiúba
(Pros): deputado federal que concorre à reeleição à Câmara. Tem base
eleitoral na região de Itaituba. Em 2006, teria recebido R$ 15.379 da Usimar;
Situação após 05 de outubro: não se elegeu
Situação após 05 de outubro: não se elegeu
Helenilson Pontes (PSD): atual
vice-governador do Pará e candidato ao Senado, com base eleitoral na região de
Santarém. Em 2006, quando foi candidato a deputado federal, teria recebido
R$ 15.379 da Usimar;
Situação após 05 de outubro: não se elegeu
Situação após 05 de outubro: não se elegeu
Iran Lima (PMDB):
o candidato a deputado estadual recebeu em 2004, quando foi candidato a
prefeito, R$ 3.386 de Altino Coelho de Miranda. Este foi flagrado por fiscais
do TEM submetendo 15 trabalhadores a condições análogas ao de escravos, no
plantio de dendê no município de Moju (Pará);
Situação após 05 de outubro: eleito deputado estadual
Situação após 05 de outubro: eleito deputado estadual
Lira Maia (DEM):
ex-prefeito de Santarém (PA), atual deputado federal e candidato a
vice-governador do Pará em chapa encabeçada por Helder Barbalho (PMDB).
Em 2006, recebeu como doação eleitoral R$ 61.515 da Usimar, quando era
candidato a deputado;
Mário Couto (PSDB):
senador e candidato a reeleição. Recebeu em 2006 R$ 538.265 da Usimar;
Situação após 05 de outubro: disputa 2° turno como candidato a vice-governador
Situação após 05 de outubro: disputa 2° turno como candidato a vice-governador
Nélio Aguiar (DEM):
médico, atual deputado estadual e candidato a deputado federal, com base
eleitoral na região de Santarém (PA). Recebeu R$ 7.690 da Usimar em 2006;
Nilson Pinto (PSDB):
atual deputado federal e candidato ao mesmo cargo. Em 2010, recebeu de doação
eleitoral o valor de R$ 3.825 de Evanildo Nascimento de Souza, cuja a fazenda
RDM em Goianésia do Pará, mantinha 09 trabalhadores em condições análogas à
escravidão na produção de carvão vegetal;
Situação após 05 de outubro: não se elegeu
Situação após 05 de outubro: não se elegeu
Paulo Rocha (PT): Ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores no Pará. Ex-deputado federal eleito em 1994, 1998 e 2002 e atual candidato a Senador na coligação de partidos de Helder Barbalho (PMDB) e Lira Maia (DEM). Em 2005, era líder do PT na Câmara, ano em que renunciou ao cargo após denúncias de envolvimento do chamado escândalo do mensalão. Em 2006, quando foi candidato a deputado federal, recebeu como doação eleitoral da R$ 138.411 da Usimar;
Situação após 05 de outubro: eleito Senador com 1.566.350 votos (46,30% dos votos válidos)
Sandra Batista (PCdoB):
A “comunista” e candidata a deputada estadual recebeu em 2002, quando disputou
o mesmo cargo, R$ 5.221 da Usimar;
Situação após 05 de outubro: não se elegeu
Situação após 05 de outubro: não se elegeu
Tião Miranda (PTB):
Candidato a deputado estadual. Em 2004, quando foi candidato a prefeito de
Marabá (PA), recebeu R$ 169.300 da Usimar como doação eleitoral;
Situação após 05 de outubro: eleito deputado estadual
Situação após 05 de outubro: eleito deputado estadual
Valdir Ganzer (PT): candidato
a 1° Suplente de Senado, na chapa encabeçada por Paulo Rocha. Foi um dos
fundadores do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém e primeiro
presidente do Departamento Nacional dos Trabalhadores Rurais (DNTR-CUT). Antes
de se candidatar neste pleito, foi chefe do Escritório Especial em Altamira
(PA) da Secretaria Geral da Presidência da República, onde coordenava ações do
governo em função da hidrelétrica de Belo Monte.Em 2006, quando foi eleito
deputado estadual, recebeu R$ 69.206 da Usimar;
Situação após 05 de outubro: com eleição de Paulo Rocha, tornou-se 1°Suplente do Senador
Wandenkolk Gonçalves (PSDB) Engenheiro agrônomo e deputado federal a vários mandatos. Em 2006 quando disputou e foi eleito para o mesmo cargo, recebeu de doação eleitoral o valor de R$ 391.574 da Usimar.
Situação após 05 de outubro: não se elegeu
Situação após 05 de outubro: com eleição de Paulo Rocha, tornou-se 1°Suplente do Senador
Wandenkolk Gonçalves (PSDB) Engenheiro agrônomo e deputado federal a vários mandatos. Em 2006 quando disputou e foi eleito para o mesmo cargo, recebeu de doação eleitoral o valor de R$ 391.574 da Usimar.
Situação após 05 de outubro: não se elegeu