quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Para Kátia Abreu não existe mais latifúndio no Brasil e índios estão “descendo” para áreas de produção

Ministra de Dilma revela que está disposta a “ajudar índios a produzirem” e que intermediou a comprar de fazenda para o MST

Em entrevista para a articulista do jornal Folha de São Paulo, Mônica Bergamo, a nova ministra da Agricultura, Kátia Abreu, teceu mais uma vez suas teses para o campo brasileiro.

Para a nova ministra, não existe mais latifúndio no Brasil e a reforma agrária só deve ser feita de forma “pontual” e apenas para “vocacionados”. “E se o governo tiver dinheiro não só para dar terra, mas garantir a estrutura e a qualidade dos assentamentos”, complementou. Kátia Abreu defendeu ainda “projetos de colonização maravilhosos que podem ser implementados”, apesar do governo federal oficialmente não fazer projetos de colonização há mais de trinta anos.

Sobre o MST e outros movimentos contrários a sua nomeação, Kátia foi enfática: “Se eles  me apoiassem, aí era difícil, né?” Mas, afirma que apesar “condenar invasões, sempre”, quer manter o “diálogo” com o movimento, citando até um exemplo em que teria intermediado, a pedido do MST do Tocantins, a compra de imóvel rural pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.

“No Tocantins, sentei com o MST, eles me pediram ajuda. Tive audiência com o [então ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel] Rossetto para arrumar dinheiro para eles comprarem fazenda de um cidadão. Se eu quero terra, por que eles não podem querer? Agora, não invade, pelo amor de Deus, porque não dá”, disse.
Durante a entrevista, Kátia Abreu também tratou da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que transfere a competência para a demarcação de terras no País para o Congresso Nacional. Kátia disse que “enquanto os índios reivindicavam áreas na Amazônia, a gente nunca deu fé do decreto de remarcação [que está em vigor]”. “É um decreto inconstitucional, unilateral, ditatorial, louco, maluco. [...] Os índios saíram da floresta e passaram a descer nas áreas de produção.”
A nova ministra disse não ter "problema com terra indígena" que a "nossa implicância é com a legalidade".
“Se a presidenta entender que os pataxós estão com terra pequena, arruma dinheiro da União, compra um pedaço de terra para eles e dá. Ótimo. Eu só não posso é tomar terra das pessoas para dar para outras.”
A nova ministra disse que está disposta a ser a “parceira número um” para “ajudar os índios a produzirem”. Para solucionar possíveis conflitos com movimentos sociais, a nova ministra declarou que isso seria da alçada do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Incra, “agora, passou o pé para dentro da terra, tô dentro, inclusive índio”.

Leia também:

Comentários
0 Comentários

0 comentários: