Ministra
de Dilma revela que está disposta a “ajudar índios a produzirem” e que
intermediou a comprar de fazenda para o MST
Em
entrevista para a articulista do jornal Folha de São Paulo, Mônica Bergamo,
a nova ministra da Agricultura, Kátia Abreu, teceu mais uma vez suas teses para
o campo brasileiro.
Para
a nova ministra, não existe mais latifúndio no
Brasil e a reforma agrária só deve ser feita de forma “pontual” e apenas para
“vocacionados”. “E se o governo tiver dinheiro não só para dar terra, mas
garantir a estrutura e a qualidade dos assentamentos”, complementou. Kátia
Abreu defendeu ainda “projetos de colonização maravilhosos que podem ser implementados”,
apesar do governo federal oficialmente não fazer projetos de colonização há
mais de trinta anos.
Sobre
o MST e outros movimentos contrários a sua nomeação, Kátia foi enfática: “Se
eles me apoiassem, aí era difícil, né?”
Mas, afirma que apesar “condenar invasões, sempre”, quer manter o “diálogo” com
o movimento, citando até um exemplo em que teria intermediado, a pedido do MST
do Tocantins, a compra de imóvel rural pelo Ministério do Desenvolvimento
Agrário.
“No Tocantins, sentei com o MST, eles me pediram ajuda. Tive
audiência com o [então ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel] Rossetto
para arrumar dinheiro para eles comprarem fazenda de um cidadão. Se eu quero
terra, por que eles não podem querer? Agora, não invade, pelo amor de Deus,
porque não dá”, disse.
Durante a entrevista, Kátia Abreu também tratou da PEC (Proposta
de Emenda à Constituição) que transfere a competência para a demarcação de
terras no País para o Congresso Nacional. Kátia disse que “enquanto os índios
reivindicavam áreas na Amazônia, a gente nunca deu fé do decreto de remarcação
[que está em vigor]”. “É um decreto inconstitucional, unilateral, ditatorial,
louco, maluco. [...] Os índios saíram da floresta e passaram a descer nas áreas
de produção.”
A nova ministra disse não ter "problema com terra
indígena" que a "nossa implicância é com a legalidade".
“Se a presidenta entender que os pataxós estão com terra pequena,
arruma dinheiro da União, compra um pedaço de terra para eles e dá. Ótimo. Eu
só não posso é tomar terra das pessoas para dar para outras.”
A nova ministra disse que está disposta a ser a “parceira número
um” para “ajudar os índios a produzirem”. Para solucionar possíveis conflitos
com movimentos sociais, a nova ministra declarou que isso seria da alçada do
Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Incra, “agora, passou o pé para
dentro da terra, tô dentro, inclusive índio”.
Leia
a entrevista: Não existe mais latifúndio no Brasil, diz nova ministra da Agricultura
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