Celso Bejarano*
A criação de milícia é parte do plano de fazendeiros de Mato
Grosso do Sul que planejam uma espécie do que eles chamam de contra-ataque aos índios que ocuparam suas terras. É o que informa o jornal Correio do Estado desta sexta-feira (8 de novembro).
Ontem à noite, no auditório da Associação dos Criadores de MS
(Acrissul), em torno de 50 produtores rurais discutiam a promoção de leilões de
gado como meio de arrecadar dinheiro e, com isso, custear a contratação de
empresas de segurança para proteger as áreas rurais e também para bancar
recursos judiciais.
O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul) fala sobre a “guerra. Foto: Gerson Oliveira |
O presidente da Acrissul, Chico Maia, idealizador da proposta do
leilão, não quis admitir o termo milícia (organizações militares ou
paramilitares compostas por cidadãos comuns, armados ou com poder de polícia
que teoricamente não integram as forças armadas) contudo, ao expor o objetivo
seu argumento, deixou a entender que os fazendeiros, “já desacreditados no
Estado e no Poder Judiciário” precisam logo de uma mobilização.
“A Constituição garante que é direito do cidadão defender seu
patrimônio, sua vida. Guarda, segurança, custa dinheiro. Para entrarmos numa
batalha precisamos de recurso. Imagine se precisamos da força de 300 homens,
precisamos de recurso para mobilização”, disse Chico Maia.
A insatisfação dos fazendeiros cujas áreas foram ocupadas por
comunidades indígenas está relacionada com a promessa do governo federal que,
em junho passado, quatro meses atrás, prometeu agir nos conflitos agrários.
Pelo anunciado até agora, a União deve pagar pela propriedade que pode ser
transformada em aldeias indígenas. Ocorre que os produtores disseram que se até
o dia 30 deste mês, daqui a 22 dias, o governo federal não cumprir o prometido,
a classe vai se mobilizar.
*Fonte: Correio do Estado (MS)