Fotografia: Sebastião Salgado |
Considerados um dos últimos povos caçadores e
coletores, eles tentam sobreviver à ação criminosa dos desmatadores
No pouco que resta de Floresta Amazônica no Maranhão, vive o povo Awá, conhecido como “o mais ameaçado do planeta”. São pouco mais de 400 pessoas, cercadas de municípios que dependem da extração da madeira. Os Awá falam guajá, do tronco Tupi. Só alguns sabem um pouco de português. Eles são um dos últimos povos apenas caçadores e coletores. Vivem da floresta e pela floresta. O GLOBO esteve lá junto com o fotógrafo Sebastião Salgado para registrar o cotidiano desses índios poucos conhecidos e a dramática situação que os cerca.
No pouco que resta de Floresta Amazônica no Maranhão, vive o povo Awá, conhecido como “o mais ameaçado do planeta”. São pouco mais de 400 pessoas, cercadas de municípios que dependem da extração da madeira. Os Awá falam guajá, do tronco Tupi. Só alguns sabem um pouco de português. Eles são um dos últimos povos apenas caçadores e coletores. Vivem da floresta e pela floresta. O GLOBO esteve lá junto com o fotógrafo Sebastião Salgado para registrar o cotidiano desses índios poucos conhecidos e a dramática situação que os cerca.
A terra dos Awá-Guajá já foi demarcada,
homologada e registrada com 116.582 hectares. Todas as contestações judiciais
foram consideradas improcedentes. Ela está dentro da Reserva Biológica do
Gurupi, criada pelo presidente Jânio Quadros em 1961, e que tem o mais alto
nível de proteção ambiental. Mesmo assim lá estão os grileiros e os madeireiros
derrubando a floresta e encurralando os índios. Essa área da Amazônia é única,
porque é a porta de entrada da floresta, e algumas espécies só existem lá.
Os Awá fugiram do contato com os brancos por quase 500 anos.
Chegaram a ser chamados de “índios invisíveis”. Foram contatados só a partir de
1979, e alguns indivíduos permanecem fugindo. Vivem o momento mais decisivo de
sua sobrevivência. A Justiça ordenou a desocupação da terra pelos não índios, e
a Funai terá que cumprir essa ordem nos próximos meses.
A ligação dos Awá com a floresta é ainda
maior do que a de outros índios. Num discurso em guajá, um dos líderes da
Aldeia Juriti, Piraima’á avisou:
— Os madeireiros estão matando as árvores.
Vão matar os Awá. Eu vou enfrentar os madeireiros. Eu tenho coragem.
O Exército desembarcou na região com 700
homens, numa operação com o Ibama, para reprimir o ataque à floresta e a
produção de maconha em terras indígenas e encontrou abundantes provas do crime de
desmatamento. É o que conta essa reportagem que tem o privilégio de ter imagens
do maior fotógrafo do mundo: Sebastião Salgado, que passou três semanas com os
índios, por dias longe da aldeia e dentro da floresta.
Paraíso sitiado
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