Alex Rodrigues*
Três professores do Instituto Federal da Bahia foram agredidos nesta quinta-feira (5) à tarde por cinco pessoas que participavam de um protesto contra as ocupações de propriedades rurais do sul do Estado por índios tupinambás. Além de agredirem os professores e um motorista, os agressores levaram o veículo, um Fiat Uno, pertencente ao instituto. O carro foi encontrado incendiado a poucos quilômetros do local onde os professores foram abordados. Uma das vítimas é índio.
Segundo o professor João Franco Neto, o grupo ia de Ilhéus para Pau Brasil, a cerca de 550 quilômetros de Salvador. Quando se aproximava de São José da Vitória, o motorista, servidor terceirizado do instituto, parou o carro devido a um congestionamento provocado pelo protesto organizado por produtores rurais e pessoas que se sentem ameaçadas pela proposta de criação da Terra Indígena Tupinambá de Olivença. Durante o ato contra a criação da reserva indígena, os manifestantes bloquearam a BR-101 com pneus e galhos de árvores em que atearam fogo.
"Tivemos o azar de passar justamente naquela hora. Havia muita gente a cerca de 700 metros de onde paramos, mas quatro homens e uma mulher se aproximaram de nós e, ao perceber que se tratava de um carro oficial e que havia um índio dentro, nos mandaram descer", disse Neto à Agência Brasil. A confusão atraiu a atenção de mais gente. "Colocamos o professor que é índio em um táxi que voltava no sentido contrário para onde íamos, mas um outro grupo o alcançou e o agrediu", acrescentou Neto, que diz ter ficado sabendo, por telefone, que o companheiro passa bem.
"A situação está bastante agressiva e tem um cunho racista contra os índios, quando é resultado de um problema agrário que não foram os índios que provocaram", disse o professor, que não é índio. "O governo federal, a meu ver, tem que tentar resolver essa situação. Não foram os índios que criaram esse problema que, agora, está se tornando um conflito regional".
Segundo o Ministério da Justiça, cerca de 30 agentes da Força Nacional, além de homens da Polícia Rodoviária Federal e de policiais baianos acompanhavam o protesto. A desobstrução da BR-101 foi, segundo o ministério, pacífica. Ao menos duas pessoas que depredavam veículos, inclusive viaturas policiais, e incitavam manifestações violentas foram detidas e levados à delegacia de polícia de Ilhéus.
A assessoria do instituto confirmou que Neto e as outras três vítimas cujos nomes não foram divulgados para preservá-las têm vínculos com a entidade e que o carro pertencia ao instituto. Um boletim de ocorrência foi registrado em Ilhéus e os procedimentos administrativos e jurídicos serão adotados a partir do inquérito policial.
A área que os índios reivindicam mede 47.376 hectares (um hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol oficial) e abrange parte do território das cidades de Buerarema, Ilhéus e Una. Principal foco do conflito e local onde foi montada a base operacional da Força Nacional, Buerarema fica a 16 quilômetros de São José da Vitória, onde os servidores do instituto foram abordados.
Reivindicada pelos índios há décadas, a área já identificada e delimitada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), em 2009. O Ministério da Justiça ainda precisa expedir a portaria declaratória, reconhecendo a área como território tradicional indígena. Depois, a Presidência da República tem que fazer a homologação.
*Fonte: Agência Brasil
Leia também: Ministros se reúnem para avaliar conflito entre índios e fazendeiros no sul da Bahia
Três professores do Instituto Federal da Bahia foram agredidos nesta quinta-feira (5) à tarde por cinco pessoas que participavam de um protesto contra as ocupações de propriedades rurais do sul do Estado por índios tupinambás. Além de agredirem os professores e um motorista, os agressores levaram o veículo, um Fiat Uno, pertencente ao instituto. O carro foi encontrado incendiado a poucos quilômetros do local onde os professores foram abordados. Uma das vítimas é índio.
Segundo o professor João Franco Neto, o grupo ia de Ilhéus para Pau Brasil, a cerca de 550 quilômetros de Salvador. Quando se aproximava de São José da Vitória, o motorista, servidor terceirizado do instituto, parou o carro devido a um congestionamento provocado pelo protesto organizado por produtores rurais e pessoas que se sentem ameaçadas pela proposta de criação da Terra Indígena Tupinambá de Olivença. Durante o ato contra a criação da reserva indígena, os manifestantes bloquearam a BR-101 com pneus e galhos de árvores em que atearam fogo.
"Tivemos o azar de passar justamente naquela hora. Havia muita gente a cerca de 700 metros de onde paramos, mas quatro homens e uma mulher se aproximaram de nós e, ao perceber que se tratava de um carro oficial e que havia um índio dentro, nos mandaram descer", disse Neto à Agência Brasil. A confusão atraiu a atenção de mais gente. "Colocamos o professor que é índio em um táxi que voltava no sentido contrário para onde íamos, mas um outro grupo o alcançou e o agrediu", acrescentou Neto, que diz ter ficado sabendo, por telefone, que o companheiro passa bem.
"A situação está bastante agressiva e tem um cunho racista contra os índios, quando é resultado de um problema agrário que não foram os índios que provocaram", disse o professor, que não é índio. "O governo federal, a meu ver, tem que tentar resolver essa situação. Não foram os índios que criaram esse problema que, agora, está se tornando um conflito regional".
Segundo o Ministério da Justiça, cerca de 30 agentes da Força Nacional, além de homens da Polícia Rodoviária Federal e de policiais baianos acompanhavam o protesto. A desobstrução da BR-101 foi, segundo o ministério, pacífica. Ao menos duas pessoas que depredavam veículos, inclusive viaturas policiais, e incitavam manifestações violentas foram detidas e levados à delegacia de polícia de Ilhéus.
A assessoria do instituto confirmou que Neto e as outras três vítimas cujos nomes não foram divulgados para preservá-las têm vínculos com a entidade e que o carro pertencia ao instituto. Um boletim de ocorrência foi registrado em Ilhéus e os procedimentos administrativos e jurídicos serão adotados a partir do inquérito policial.
A área que os índios reivindicam mede 47.376 hectares (um hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol oficial) e abrange parte do território das cidades de Buerarema, Ilhéus e Una. Principal foco do conflito e local onde foi montada a base operacional da Força Nacional, Buerarema fica a 16 quilômetros de São José da Vitória, onde os servidores do instituto foram abordados.
Reivindicada pelos índios há décadas, a área já identificada e delimitada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), em 2009. O Ministério da Justiça ainda precisa expedir a portaria declaratória, reconhecendo a área como território tradicional indígena. Depois, a Presidência da República tem que fazer a homologação.
*Fonte: Agência Brasil
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