Nós, que formamos o Comitê Xingu Vivo, fórum constituído por mais de 50
organizações, somos militantes sociais que enfrentam o modelo
liberal-desenvolvimentista do governo Dilma, governo que tem atuado com uma
política genocida, destruindo os povos indígenas do Brasil.
Um dos símbolos dessa política é a construção da Hidrelétrica de Belo
Monte, no médio rio Xingu, onde vivem várias comunidades indígenas, entre
outras, Juruna, Arara, Xikrin, Parakanã, Asuriní do Xingu, Kayapo, Xipaia,
Curuaia, Arawete e indígenas ribeirinhos não aldeados.
O governo de Dilma Rousseff não tem limites quando se propõe a repassar
dinheiro público para as empreiteiras que financiaram sua campanha, por isso,
além das hidrelétricas no rio Xingu, Teles Pires e Madeira, já está planejando
construir sete no rio Tapajós, e outras nos rios Araguaia e Tocantins.
No Teles Pires as crianças, índias de 12 e 13 anos, estão sendo
violentadas por homens que foram despejados naquela área, para a construção das
hidrelétricas. No Tapajós, quem está sendo atacado neste momento, pela Força
Nacional e Exercito, é o povo Munduruku. Nas nossas lutas cantamos: “Pra Belo
Monte se firmar, quantos índios vão matar? Mas se o povo se unir, Belo Monte
vai cair”. Essa é a nossa compreensão, essa é a nossa ação.
Como se não bastassem as hidrelétricas, a mineração é outra frente
implementada pelo governo e seus aliados, em especial os políticos corruptos e
as grandes corporações. Atualmente existem várias propostas em discussão no
Congresso, algumas em fase final:
- Portaria 303/AGU, de julho/12, determina que as condicionantes
utilizadas no caso Raposa Serra do Sol, sejam válidas para todas as demais
Terras Indígenas.
- Projeto de lei 1610/1996, de Romero Jucá (PMDB), aliado do governo.
Trata da regulamentação e autorização para mineração em Terras Indígenas.
- PEC 215/2000. Propõe transferir do poder executivo para o Congresso
Nacional a demarcação e homologação de terras indígenas e quilombolas.
- PEC 76/2011, de autoria do Senador Blairo Maggi. Propõe uma
“sociedade” com os povos indígenas, oferecendo a estes participação nos
projetos hidrelétricos e de mineração.
Enquanto a produção mineral no Brasil cresceu 550% de 2001 a 2011, o
número de indígenas assassinados cresceu 170% de 2002 a 2012. Aproximadamente
560 índios foram assassinados neste período.
O governo que deveria dar proteção aos indígenas, os ataca; que deveria
prestar assistência à saúde indígena, repassa dinheiro para empresas privadas,
como a SPDM, que não tem nenhum conhecimento antropológico e não garante saúde
de qualidade às comunidades, nem respeita sua cultura e sua tradição.
O claro exemplo do descaso e desrespeito aos povos indígenas está na
participação do Secretário da Saúde Indígena do governo, nesta mesma
conferência. Veio do DF para Belém, discursou e não deu espaço para perguntas,
e muito menos para críticas, sobre o caos da saúde indígena neste País.
Por tudo isso denunciamos o governo brasileiro, grandes empreiteiras,
mineradoras e seus aliados, como os verdadeiros destruidores das terras da
Amazônia e dos povos indígenas do Brasil.
Belém, 19 de setembro de 2013
Comitê Xingu Vivo