Empresa fará acordo com Funai e arcará
com fundo de R$ 6 milhões
Mesmo com o descumprimento de uma
série de condicionantes ambientais pela Norte Energia, empresa responsável pela
hidrelétrica no Rio Xingu (PA), o Ibama vai publicar nos próximos dias a
licença de operação da usina de Belo Monte. Com isso, a empresa terá aval para
encher o reservatório e começar a gerar energia, o que deve ocorrer a partir de
fevereiro. A permissão foi precedida de um auto de infração de R$ 5,087 milhões
aplicado na sexta-feira à Norte Energia pelo descumprimento de condicionantes
previstas na licença anterior, que permitiu a construção da obra.
No
dia 12 de novembro, em ofício enviado ao Ibama dando anuência para a emissão da
licença, a Fundação Nacional do Índio (Funai) destacou uma série de
condicionantes descumpridas pela Norte Energia. Mas, para assegurar que, mesmo
com a usina em operação, a batalha pelos indígenas continuará, o presidente da
Funai, João Pedro Gonçalves da Costa, assinou com a Norte Energia no mesmo dia
12 um termo de cooperação, no qual a empresa se compromete a cumprir as
exigência que ficaram pelo caminho.
Prazo de 90 dias
Prazo de 90 dias
Segundo
o termo, ao qual o GLOBO teve acesso, algumas previsões têm meta de cumprimento
em até 90 dias, como a contratação de serviços especializados para utilização
de ferramentas computacionais e sistema de gerenciamento de projetos do
Componente Indígena. O termo também prevê a criação de um fundo de R$ 6 milhões
para ser revertido em ações de sustentabilidade a serem destinadas
exclusivamente às comunidades afetadas. Procurada para comentar sobre a
assinatura do termo com a Funai e auto de infração, a Norte Energia não se
manifestou.
—
É um bom termo e nos dá elementos para continuar brigando. Nós não vamos abrir
mão dos direitos dos povos indígenas. A Norte Energia tem de se comprometer, e
nós conseguimos isso. Há um diferencial aqui, pelas multas. Antes, multa era só
para o Ibama, mas nós conseguimos aqui um padrão de rigor que nos dá essa
tranquilidade — disse o presidente da Funai.
O
projeto leiloado previa que, quando a usina entrasse em operação, as
condicionantes socioambientais, nas quais está incluída a questão indígena, já
deveriam estar resolvidas.
—
Lamentavelmente, não está (resolvida a questão indígena). Mas a Funai continua
brigando e criando condições para que nada seja esquecido e que a Norte Energia
faça aquilo que tem que ser feito para os povos indígenas.
Em
setembro, o Ibama havia encaminhado à Norte Energia exigências para a emissão
da licença operacional, que já se encontra livre de pendências. Uma das maiores
obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Belo Monte terá
capacidade total de 11,2 mil Megawatts.
Fonte: O Globo