Perda florestal foi de 5.831 km² ante
5.012 km² no ano anterior; aumento se concentrou em Rondônia, Mato Grosso e
Amazonas
O
desmatamento da Amazônia subiu 16% entre agosto do ano passado e julho deste
ano, na comparação com o período de agosto de 2013 a julho de 2014. Foram
derrubados 5.831 km².
O
anúncio foi feito no início da noite desta quinta-feira, 26, pela ministra do
Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a partir de dados do Prodes, o sistema de
monitoramento por satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
que fornece a taxa oficial de desmatamento no ano. De 2013 para 2014, a perda
da floresta tinha sido de 5.012 km².
Izabella
tentou minimizar o aumento durante a apresentação dos dados, aos dizer que ele
é o terceiro menor da história, atrás da taxa de 2012 (4.571 km²) e de 2014.
Depois de ter obtido uma queda de 80% no desmatamento em 10 anos, as ações do
governo não têm conseguido baixar o corte raso dessa faixa em torno de 5.000
km², o que ameaça o cumprimento da meta, estabelecida para 2020, de baixar o
desmatamento a 3.825 km².
Segundo
a ministra, o aumento da perda florestal se concentrou em três Estados:
Rondônia, Mato Grosso e Amazonas. Nos demais, houve queda. Amazonas teve a
maior alta: 54% (de 684 km² para 963 km²). O Mato Grosso teve a maior perda
absoluta: 1.508 km², um aumento de 40% em relação aos 1.075 km² do ano
anterior. “É de se estranhar, porque lá a maioria das propriedades são privadas
e é onde há o maior comprometimento com o Cadastro Ambiental Rural. Parece que
resolveram fazer desmatamento em série em várias áreas simultaneamente”, diz.
Grandes
polígonos.
A ministra explica que neste ano os desmatadores mudaram o perfil de
ação: voltaram a ocorrer grandes cortes rasos, em que se derrubam mais de mil
hectares. Nos últimos anos, as perdas de pequenas proporções eram as que vinham
ocorrendo de forma mais destacada. Fato que era justificado pelo Ibama como
sendo um complicador para a fiscalização.
“Trabalhei
muito para que isso não acontecesse. Oscilações são esperadas, mas nos
surpreende porque neste ano houve aumento do esforço de fiscalização,
aumentamos o contingente do Ibama e da Força Nacional. Não houve restrição
orçamentária para a fiscalização”, afirma Izabella.
Segundo
ela, o crescimento no Amazonas, Mato Grosso e Rondônia também é preocupante
porque os três receberam juntos R$ 220 milhões do Fundo Amazônia para fazer
ações de combate ao desmatamento. “Me frustra muito que os Estados não
cumpriram os compromissos que assumiram comigo. Amanhã vou notificar todos os
Estados para saber o que está acontecendo”, diz.
O
desmatamento da Amazônia é, historicamente, o principal emissor de gases de
efeito estufa no Brasil. Como contribuição à Conferência do Clima de Paris, que
começa na proxima segunda-feira, o governo assumiu como meta zerar o
desmatamento ilegal no bioma até 2030. Pelo Código Florestal, proprietários de
terra na Amazônia podem derrubar 20% da floresta em suas terras. Izabella se
queixou, porém, que os Estados não informam quanto da perda de floresta atualmente
é legal ou ilegal.
Fonte: O Estado de São Paulo
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