Delegacias de Itaituba e Trairão são
acusadas de recusar registro de ocorrência de ameaças contra trabalhadores
rurais e defensores de direitos humanos
O Ministério Público Federal
recomendou à Secretaria de Segurança Pública do Pará que adote providências
para melhoria da atuação das Polícias Civil e Militar em casos de conflitos
agrários em Itaituba e Trairão. As delegacias da Polícia Civil nos dois
municípios são acusadas de recusar o registro de ocorrências em casos de
ameaças contra trabalhadores rurais e defensores de direitos humanos. Há
denúncias também contra policiais militares que seriam os autores de tais
ameaças. O secretário de segurança, Jeannot Jansen da Silva Filho tem 10 dias
para responder à recomendação.
A recomendação diz respeito aos graves
conflitos agrários nos assentamentos Areia e Ypiranga, em Trairão. Nas duas
áreas há longo histórico de tensão e até mortes causadas pelo processo de
reconcentração fundiária – lotes destinados à reforma agrária sendo comprados
ilegalmente por fazendeiros – e pela infiltração de madeireiros ilegais. Há
registro de policiais militares entre os ocupantes ilegais de lotes, fazendo
ameaças a lideranças locais que estão na lista dos defensores de direitos
humanos que precisam de proteção.
Quando as ameaças acontecem, as
lideranças e suas famílias denunciaram que não conseguem sequer registrar
ocorrência nas delegacias de polícia, o que impede que se iniciem as
investigações. Na recomendação, o MPF quer que a Secretaria de Segurança Pública
tome providências para que as duas delegacias registrem devidamente todas as
denúncias de crimes decorrentes de conflitos fundiários para adoção de
providências.
O MPF aponta também a necessidade de
que o comando da PM identifique e afaste os policiais militares envolvidos em
ocupação irregular de lotes de reforma agrária e ameaças a trabalhadores rurais
em Trairão. E por fim, recomenda que sejam realizadas rondas policiais ao menos
duas vezes por semana na área dos dois assentamentos, para garantir a segurança
das lideranças ameaçadas.
Fonte: Ministério Público Federal no
Pará - Assessoria de Comunicação
MPF processa União e Estado do Pará para que protejam defensores de direitos humanos ameaçados