Na
cidade paraense de Altamira, as passagens de ônibus não subiram no mês de
junho. Custam R$3 reais e o transporte público é feito por 10 ônibus que buscam
atender os 150 mil moradores, segundo o Departamento Municipal de Trânsito
(Demutran). Pelas ruas reinam os táxis sem taxímetro, mototáxis e as
bicicletas. Nesta segunda-feira (17/6) não houve protestos em Altamira. Ao
contrário do que aconteceu em muitas cidades e capitais brasileiras.
O último grande protesto na região
aconteceu na vizinha Vitória do Xingu, a 55 km de Altamira, onde fica o Sítio
Belo Monte, principal canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte,
ocupado duas vezes, por 17 dias, durante o mês de maio.
Liderados pelo povo Munduruku, mais de
100 indígenas de várias etnias ocuparam o canteiro para pedir a suspensão de
obras e estudos de barragens em Terras Indígenas e a garantia do direito da
consulta prévia, livre e informada previsto na Convenção 169 da OIT.
Neste mês de junho, as obras completam
dois anos e até agora o plano de ações principal das condicionantes indígenas
da obra ainda não começou a ser executado. Para se proteger de novas ocupações
a empresa responsável pela construção da obra, a Norte Energia, ergueu um muro
de pedra na entrada principal além de uma cerca de arame e reforçou o
policiamento.
Em Altamira, onde a maior hidrelétrica
do país esta sendo construída também há interrupções diárias de energia, não
existe saneamento básico nem distribuição de água potável, os moradores são
obrigados a construir poços com a água sempre poluída. Casas em ruas
esburacadas e com esgoto na porta são facilmente alugadas a R$ 5 mil reais.
Detentora de um dos maiores
crescimentos populacionais do país a cidade, de acordo com a prefeitura, ganhou
mais de 50 mil habitantes desde o início da construção da usina hidrelétrica de
Belo Monte, em 2011. Mais da metade deste número são de trabalhadores, que até
o fim deste ano serão 28 mil.
Bicicletas e motos são o principal
meio de transporte da população. A frota de motos já ultrapassou 30 mil e a
média em 2013 é de 800 novos registros por mês. Até o mês de maio foram
registrados 250 acidentes com vítimas envolvendo motos na cidade, representando
70% das ocorrências do Demutran neste ano.
No dia em que diversas capitais e
cidades brasileiras eram tomadas por manifestações de protesto a partir das
17h, especialmente contra o aumento nas tarifas de transporte, mas também
contra a corrupção, contra os estádios construídos para a Copa do Mundo e até
mesmo contra a construção da UHE de Belo Monte, em Altamira as ruas estavam
engarrafadas de carros, motos e bicicletas, como de costume neste horário.
E os índios, que desocuparam o
canteiro de obras há poucos dias, terão que enfrentar um muro de pedras caso
resolvam voltar a cobrar seus direitos por lá.
Fonte:
ISA – Instituto Socioambiental