Cerca de 100 indígenas
Munduruku lotaram a Câmara Municipal de Vereadores de Jacareacanga, extremo
oeste do Pará, nesta segunda-feira, 24, para protestar contra os vereadores que
são favoráveis ao projeto do governo de construir hidrelétricas no rio Tapajós.
A fachada da Câmara foi
grafitada com frases de protesto como “Não queremos barragens”, “viva o
Tapajós”, “respeitem nosso direito” e “nossa palavra é que vale”.
Dentro do plenário,
lideranças indígenas discursaram acusando vereadores de estarem tentando
dividir o povo Munduruku, espalhando mentiras sobre os acontecimentos.”Este é
um movimento popular indígena autônomo. Nossa decisão é a decisão do coletivo,
dos caciques, das lideranças. E a decisão é de que somos contra as barragens
que afetam nosso território”, explicou Valdenir Munduruku aos parlamentares.
“Nossa posição precisa ser
respeitada. Ontem, nesta casa, alguns vereadores criticaram nosso movimento. A
gente veio aqui [na Câmara] pra deixar um recado bem claro: se vocês não podem
nos ajudar, também não atrapalhem”, disse.
Para o povo Munduruku, os parlamentares tem sido usados pelo
governo federal e pelos empreendedores para forçar a viabilização de projetos
hidrelétricos em território indígena e tradicional, mesmo sem ter havido
consulta – e mesmo com o posicionamento público das comunidades contrário ao
empreendimento. “Vocês não precisam vir falar de compensações, vir falar que as
hidrelétricas vão trazer saúde e educação, porque saúde e educação são direitos
nossos que não vamos negociar a troco de hidrelétricas”, argumentou a
liderança.
Os vereadores ouviram as
críticas dos manifestantes em silêncio. Ao final da sessão, o presidente da
Casa, vereador Jerson Mourão (PSB), saiu pela tangente e agradeceu a
oportunidade de ouvir os indígenas. “A Câmara vai estar apoiando vocês”,
respondeu aos indígenas.
Fonte: Movimento Xingu
Vivo