Faleceu neste sábado, 14 de março, aos 87 anos, Therezinha Zerbini, pioneira do Movimento Feminino pela Anistia, movimento social pela abertura política do regime militar, pela volta de exilados e libertação de presos políticos, iniciado em 1975.
Therezinha era viúva do general Euryale de Jesus Zerbini, militar caçado pelo regime instalado após 1964. Por ter ajudado Frei Tito de Alencar a conseguir o sítio pertencente a um amigo da família Zerbini, em Ibiúna, onde seria realizado o congresso da UNE de 1968, Therezinha respondeu a um inquérito policial militar, sendo indiciada em dezembro de 1969 e enquadrada na Lei de Segurança Nacional.
Em 1970 foi presa em sua casa, ficando detida por oito meses - seis dos quais no Presídio Tiradentes, em São Paulo. Na prisão, conviveu com a então guerrilheira Dilma Rousseff.
Em 1975, declarado pela ONU Ano Internacional da Mulher, cria o Movimento Feminino pela Anistia (MFPA), unido à luta pela redemocratização do Brasil. No mesmo ano, ocorre a morte do jornalista Vladimir Herzog na prisão, seguindo-se, na Catedral da Sé, a primeira grande manifestação popular de protesto, desde o AI-5. Ainda em 1975, o Movimento lança seu manifesto em favor da anistia ampla e geral, conseguindo colher 16.000 assinaturas de apoio, e empenhou-se nas denúncias sobre a existência de presos, torturados e perseguidos políticos no Brasil - fato que por muito tempo fora sistematicamente negado pelo governo militar. Daí por diante foram sendo formados Comitês Femininos pela Anistia nas principais cidades do país.
O movimento é o marco da virada: a atividade política volta ao espaço público, agregando e mobilizando vários setores - o MDB, o PCB e outros partidos políticos ainda clandestinos, a esquerda católica, acadêmicos, associações de classe, além dos exilados, presos políticos e suas famílias. Fazia oposição às claras: era um movimento legalizado, com ata de fundação e estatuto registrado em 1976, constituído basicamente por mulheres católicas, como a própria Therezinha, e de classe média.
Em fevereiro de 1978, o movimento pela anistia seria ampliado com a criação do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA) no Rio de Janeiro, formado inicialmente por advogados de presos políticos e com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil, o Comitê pedia a anistia ampla, geral e irrestrita.
Em março de 1978, durante a visita do então presidente norte-americano Jimmy Carter a Brasília, Zerbini conseguiu driblar a segurança e entregar uma carta à primeira-dama, Rosalynn Carter, em nome das mulheres brasileiras do movimento pela anistia. A carta, sem fazer referências diretas ao regime, dizia, na abertura: "Nós, que lutamos por justiça e paz..."
Embora considerada comunista, pelos órgãos de segurança, e como feminista, pela imprensa, Therezinha Zerbini declara nunca ter aderido a nenhuma dessas correntes.
Após a revogação do AI-5 (1978), esteve ao lado de Leonel Brizola no processo de refundação do PTB, em São Paulo, e depois, na criação do PDT, em 1979, quando Brizola perdeu a sigla para Ivete Vargas.
Mais recentemente, em setembro de 2010, pouco antes das eleições presidenciais, Therezinha Zerbini foi a quinta pessoa a assinar o "Manifesto pela Defesa da Democracia", lançado por intelectuais e políticos contrários ao Partido dos Trabalhadores. Na prática, o manifesto deveria reforçar a posição do candidato do PSDB José Serra, que, entretanto, acabou por perder as eleições.
Segundo ela "criar a Comissão da Verdade é bom. Não espero coisas novas, porque já vi tudo por dentro. Mas é preciso dar a oportunidade para os outros sentirem e verem. Como diz Santo Agostinho, o coração é a sede da memória."
Fonte: Wikepédia (adaptado)
Therezinha era viúva do general Euryale de Jesus Zerbini, militar caçado pelo regime instalado após 1964. Por ter ajudado Frei Tito de Alencar a conseguir o sítio pertencente a um amigo da família Zerbini, em Ibiúna, onde seria realizado o congresso da UNE de 1968, Therezinha respondeu a um inquérito policial militar, sendo indiciada em dezembro de 1969 e enquadrada na Lei de Segurança Nacional.
Em 1970 foi presa em sua casa, ficando detida por oito meses - seis dos quais no Presídio Tiradentes, em São Paulo. Na prisão, conviveu com a então guerrilheira Dilma Rousseff.
Em 1975, declarado pela ONU Ano Internacional da Mulher, cria o Movimento Feminino pela Anistia (MFPA), unido à luta pela redemocratização do Brasil. No mesmo ano, ocorre a morte do jornalista Vladimir Herzog na prisão, seguindo-se, na Catedral da Sé, a primeira grande manifestação popular de protesto, desde o AI-5. Ainda em 1975, o Movimento lança seu manifesto em favor da anistia ampla e geral, conseguindo colher 16.000 assinaturas de apoio, e empenhou-se nas denúncias sobre a existência de presos, torturados e perseguidos políticos no Brasil - fato que por muito tempo fora sistematicamente negado pelo governo militar. Daí por diante foram sendo formados Comitês Femininos pela Anistia nas principais cidades do país.
O movimento é o marco da virada: a atividade política volta ao espaço público, agregando e mobilizando vários setores - o MDB, o PCB e outros partidos políticos ainda clandestinos, a esquerda católica, acadêmicos, associações de classe, além dos exilados, presos políticos e suas famílias. Fazia oposição às claras: era um movimento legalizado, com ata de fundação e estatuto registrado em 1976, constituído basicamente por mulheres católicas, como a própria Therezinha, e de classe média.
Em fevereiro de 1978, o movimento pela anistia seria ampliado com a criação do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA) no Rio de Janeiro, formado inicialmente por advogados de presos políticos e com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil, o Comitê pedia a anistia ampla, geral e irrestrita.
Em março de 1978, durante a visita do então presidente norte-americano Jimmy Carter a Brasília, Zerbini conseguiu driblar a segurança e entregar uma carta à primeira-dama, Rosalynn Carter, em nome das mulheres brasileiras do movimento pela anistia. A carta, sem fazer referências diretas ao regime, dizia, na abertura: "Nós, que lutamos por justiça e paz..."
Embora considerada comunista, pelos órgãos de segurança, e como feminista, pela imprensa, Therezinha Zerbini declara nunca ter aderido a nenhuma dessas correntes.
Após a revogação do AI-5 (1978), esteve ao lado de Leonel Brizola no processo de refundação do PTB, em São Paulo, e depois, na criação do PDT, em 1979, quando Brizola perdeu a sigla para Ivete Vargas.
Mais recentemente, em setembro de 2010, pouco antes das eleições presidenciais, Therezinha Zerbini foi a quinta pessoa a assinar o "Manifesto pela Defesa da Democracia", lançado por intelectuais e políticos contrários ao Partido dos Trabalhadores. Na prática, o manifesto deveria reforçar a posição do candidato do PSDB José Serra, que, entretanto, acabou por perder as eleições.
Segundo ela "criar a Comissão da Verdade é bom. Não espero coisas novas, porque já vi tudo por dentro. Mas é preciso dar a oportunidade para os outros sentirem e verem. Como diz Santo Agostinho, o coração é a sede da memória."
Fonte: Wikepédia (adaptado)