Diariamente, toneladas de areia são retiradas da
Terra Indígena Tupinambá de Olivença (sul da Bahia) e destinadas à construção
civil. Na região do Sirihiba, as operações do Areal Bela Vista Ltda. têm
acarretado severos impactos socioambientais, como a destruição da mata nativa,
inclusive de piaçabais, explorados economicamente pelos indígenas; a expulsão
de animais ameaçados de extinção, como o mico-leão-dourado; e o acelerado
assoreamento dos rios Ipanema e Sirihiba, de onde provém a água consumida por
indígenas de algumas comunidades. No sítio Ipanema, localizado ao lado do
areal, as famílias já estão ficando sem água para o consumo. A retirada de
areia impacta, ainda, a religiosidade dos Tupinambá, já que a atividade vem
destruindo um lugar sagrado: a mata de onde os indígenas retiram, todos os
anos, o tronco de madeira utilizado para a construção do mastro de São
Sebastião, no festejo conhecido como Puxada do Mastro.
Em outubro de 2015, o acesso ao areal Bela Vista
foi bloqueado pelos indígenas. Porém, em abril de 2016, a retirada de areia foi
reiniciada, por decisão judicial. No quadro da disputa, duas lideranças
indígenas foram presas, José Aelson da Silva e Rosivaldo Ferreira da Silva
(Cacique Babau). Eles foram encarcerados dois dias depois de uma audiência de
conciliação no marco do processo movido pelo Areal Bela Vista contra os
indígenas, ocasião em que estes rechaçaram a possibilidade de "composição
amigável do litígio", exigindo, ao contrário, que cessem as atividades
predatórias. Nesse mesmo areal, em abril de 2011, um indígena foi alvejado por
um policial federal à paisana, e teve sua perna amputada na altura do joelho. A
destruição tem que parar! Os Tupinambá exigem o fechamento imediato dos areais
situados em seu território.