A
empresa Norte Energia, responsável pela obra da usina de Belo Monte, foi
condenada nesta quarta-feira (8) a pagar R$ 15 milhões por danos morais
causados pela construção da hidrelétrica aos moradores dos municípios de Altamira,
Vitória do Xingu (incluindo Belo Monte) e Anapu.
A
sentença proferida pela Justiça Federal do Pará atende a uma ação movida pelo
Ministério Público Federal, em 2013. O MPF entende que a Norte Energia não
cumpriu exigências da licença ambiental expedida pelo Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Na
sentença, o juiz federal da 9ª Vara Arthur Pinheiro Chaves afirma que “o atraso
considerável em parte das ações [estabelecidas na licença] provocou prejuízos
suportados pela população local, a qual se viu privada de acesso a sistema de
esgotamento sanitário, abastecimento de água e correta destinação de lixo.”
A
companhia também deverá pagar R$ 3 milhões por ter descumprido parcialmente uma
liminar anterior —que determinava medidas de proteção às populações diretamente
atingidas— e concluir todas as obras de reformas e adequações de saneamento
básico, estabelecidas na licença do Ibama.
A
Norte Energia ainda pode recorrer da decisão. Procurada, a companhia afirmou
que ainda não foi notificada da sentença.
Sobre
o valor imposto na condenação, o juiz federal cita o custo estimado da obra em
R$ 26 bilhões e o valor de R$ 552 milhões “com vistas ao cumprimento de
condicionantes em saúde e saneamento”, como “situações que denotam a expressiva
capacidade econômica da ré”.
Antecedentes
Belo
Monte começou a operar com 5% de sua capacidade em abril, seis anos após a licitação
arrematada pela Norte Energia.
O
leilão da hidrelétrica, em 2010, foi paralisado diversas vezes por ações judiciais,
e após isso a construção da usina também enfrentou entraves na Justiça e junto
a ribeirinhos e povos indígenas.
O
cronograma original apontava o início da geração para o começo de 2015, mas
paralizações causaram o atraso da operação comercial.
Quando
concluída, a usina deve ser a terceira maior do mundo, com capacidade de 11,2
mil megawatts, o que está previsto para 2019.
Orçada
em R$ 25,8 bilhões, a usina começou a ser estudada em 1975, sempre em meio a
disputas com povos indígenas da região.
Fonte: Folha de São Paulo