O
programa Fantástico, da Rede Globo, mostrou, no último domingo (19), o maior
projeto de mineração de ouro do país, vizinho da hidrelétrica de Belo Monte
(PA). A mina tem o estudo de viabilidade ambiental assinado pelo mesmo
engenheiro indiciado por homicídio pelo rompimento da barragem de Mariana (MG).
O
ISA apresenta outras 7 informações que não aparecem na reportagem e você
precisa saber:
1 – Montanha de lixo de mineração com
duas vezes o tamanho do Pão de Açúcar
A
empresa Belo Sun pretende instalar uma mina de ouro com uma barragem de rejeitos
maior que a que rompeu e causou a tragédia de Mariana (MG). Apesar de
qualificar como alto o risco de ruptura da represa, a mineradora não informa as
possíveis consequências de uma possível ruptura aos índios e ribeirinhos que
vivem na região. Em 12 anos, a estimativa é que serão extraídas 600
toneladas de ouro. Ao final da exploração, a iniciativa prevê deixar duas
pilhas gigantes de material estéril, que somadas terão área de 346 hectares,
com altura média de 205 metros e 504 milhões de toneladas de rochas. Uma
montanha duas vezes maior do que o Pão de Açúcar, recheada de material
quimicamente ativo, à beira do Rio Xingu (veja abaixo animação produzida pelo
ISA).
2 –Sai o ouro, fica o ônus
O município de Senador José Porfírio irá
arrecadar R$ 235 milhões em impostos durante o tempo de duração do projeto.
O município será capaz de arcar com o passivo que representam as
montanhas de lixo da mineração? Os Estudos de Impacto Ambiental de Belo
Sun não preveem sua remoção. Os detritos são uma ameaça eterna ao Xingu e
aos povos que vivem na Volta Grande.
3 – Cadê o Ibama?
Por que um empreendimento com alto
risco socioambiental, a 11 quilômetros de Belo Monte, às margens de um rio
federal e vizinho de duas Terras Indígenas já atingidas pela hidrelétrica não
será fiscalizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama)? Uma
nota técnica do ISA conclui que o licenciamento da mineradora deveria ser
responsabilidade do governo federal, e não do Estado do Pará, assim como o
licenciamento da usina (leia aqui). O Ministério Público Federal (MPF)
também briga na Justiça para que o projeto seja avaliado pelo Ibama.
4 –
Índios querem ser consultados
Em junho de 2014, a Justiça Federal
suspendeu o licenciamento ambiental do projeto de mineração até que a Belo Sun
entregasse os estudos de impactos sobre as populações indígenas. A
empresa conseguiu derrubar a decisão, mas os índios querem ser consultados
sobre o projeto antes que o licenciamento avance. Uma das preocupações é
com o risco de contaminação do rio (leia mais).
5 – Em
seis anos, tudo pode mudar
Os Estudos de Impacto Ambiental da Belo
Sun foram realizados em 2009, quando a instalação de Belo Monte sequer havia
começado. A realidade da Volta Grande do Xingu foi completamente alterada. O
MPF já determinou que a Secretaria do Meio Ambiente do Pará exija da empresa
uma atualização dos estudos que considere as mudanças ocorridas no Xingu.
6 –
Tinha uma hidrelétrica no meio do caminho
A oscilação natural do nível das águas
na Volta Grande deixará de existir, permanecendo sua cota mínima, por causa do
represamento no reservatório principal de Belo Monte. Diversas espécies
de peixes estão ameaçadas de desaparecer. Por isso, durante seis anos, a
Norte Energia, empresa responsável pela hidrelétrica, será obrigada a monitorar
a área sob avaliação do Ibama. Se outro empreendimento gigantesco se
instalar na região, será impossível determinar os impactos dos dois
empreendimentos e a sociedade brasileira jamais irá conhecê-los.
7-
Barrados no baile
Depois de marcar uma cerimônia para
anunciar a instalação do projeto de mineração, a Secretaria de Meio Ambiente do
Pará decidiu voltar atrás e adiar o evento por causa da repercussão negativa, como informou o jornal O Estado de S.Paulo.
Mais de 100
mil pessoas assinaram uma petição pública na internet pedindo que o governador
Simão Jatene (PSDB) não dê a licença de instalação neste momento. Se você
ainda não assinou, agora tem mais 7 motivos para fazer isso. Assine aqui.
Veja o vídeo abaixo e saiba mais:
Fonte:
ISA