O
Instiuto Socioambiental publicou uma série de matérias com balanços da política
territorial do governo Dilma, nos últimos seis anos. As análises tratam das Terras Indígenas, Unidades de Conservação do
meio ambiente, Territórios Quilombolas e Assentamentos de Reforma Agrária.
O
governo da presidente afastada Dilma Rousseff é frequentemente criticado por
ser um dos que menos fez nestas áreas. Os números confirmam essa realidade. A
paralisação na criação e reconhecimento, segundo os especialistas, guarda relação
direta com os acordos firmados por Dilma com sua base parlamentar fortemente
ruralista.
O balanço
negativo nestas áreas pode ser conferido a seguir:
Os
dados não deixam dúvidas: no governo de Dilma Rousseff, apenas 21 TIs foram
homologadas, 25 TIs foram declaradas e 44 TIs foram identificadas e delimitadas
– segundo dados monitorados pelo ISA. O processo de demarcação de TIs é
complexo e demorado, envolvendo várias etapas e órgãos, desde a Fundação
Nacional do Índio (Funai), até a Presidência de República, passando pelo
Ministério da Justiça.
Quando
o assunto é homologações, a última etapa da demarcação de TIs, os atos da
presidente Dilma Rousseff ficaram restritos à região em que estão 98% das TIs
já demarcadas, a Amazônia Legal. Das 21 TIs homologadas só uma está no
centro-sul do país, onde os conflitos são mais intensos: a TI Piaçaguera, do
povo Guarani Ñandeva, com 2,7 mil hectares, no litoral sul do estado de São
Paulo. A caneta de Dilma trabalhou mais nos anos de 2012 e 2015, que tiveram um
total de sete decretos de homologação cada. Em 2014, ano de reeleição, nenhum
decreto foi assinado.
Leia sobre Terras Indígenas
Em
seis anos de governo Dilma, foram criadas 15 UCs federais: seis na Mata
Atlântica, sendo cinco de proteção integral e uma de uso sustentável; e nove na
Amazônia Legal, sendo três de proteção integral e seis de uso sustentável. As
UCs criadas na Amazônia, no período, somam 3,5 milhões de hectares ou 95% da
extensão total das áreas formalizadas por Dilma. Ela também oficializou uma
Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) em Minas Gerais.
Biomas
como a Caatinga, historicamente desfavorecidos e menos representados no Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), seguiram com pouca ou nenhuma
porção de seu território destinada à conservação no dois mandatos de Dilma. Na
Caatinga, embora legalmente na jurisdição Mata Atlântica segundo a Lei Federal
nº 11.428 (2006) foi criado o Parque Nacional de Furna Feia, com cerca de 8,5
mil hectares. Já a Resex Marinha Mestre Lucindo tem 44% de sua extensão
localizados no Bioma zona costeira e marítima.
Leia
sobre Unidades
de Conservação
Em
quase cinco anos e meio, o governo Dilma titulou 16 territórios quilombolas, o
equivalente a 11,7 mil hectares. Em oito anos, Lula titulou 12 áreas, somando
quase 40 mil hectares. Dilma assinou 40 decretos de desapropriação, abrangendo 115,3
mil hectares, e Lula editou número semelhante de decretos, 43, mas
desapropriando 465 mil hectares. Portanto, em pouco mais de um mandato, Dilma
titulou e desapropriou aproximadamente metade da média de Lula em duas gestões
em termos de área reconhecida. Os dados são da Comissão Pró-Índio de São Paulo
(CPI-SP). Um hectare mede mais ou menos um campo de futebol.
A
titulação é a última fase do complexo processo de
regularização dos quilombos, implicando o
reconhecimento pleno do território, após a retirada de ocupantes não
quilombolas. A desapropriação é a penúltima etapa, efetivada por decreto
presidencial, quando há necessidade de pagar por propriedade privadas
sobrepostas. As extensões abrangidas em cada fase do processo não devem ser
somadas – áreas desapropriadas serão depois tituladas, por exemplo. Cada etapa
requer diferentes esforços e custos políticos, financeiros e administrativos.
Leia sobre Territórios
Quilombolas
Os
números não deixam dúvida sobre a redução drástica na distribuição de terras para
reforma agrária no período, processo semelhante ao ocorrido com TIs, UCs e
territórios quilombolas, como já mostrado pelo ISA nas reportagens anteriores
da série – o que sugere uma tendência geral de declínio na destinação de áreas
de interesse coletivo.
Entre
2011 e 2015, a administração Dilma teria fixado 133,6 mil famílias em
assentamentos. No 1º mandato de Lula, teriam sido assentadas 232,6 mil famílias
e, no 2º mandato, mais 381,4 mil famílias. A média de Lula é de 76,7 mil
famílias por ano, contra uma média em torno de 25 mil famílias sob Dilma. Os
dados são do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
“A
política agrária do governo de Dilma conseguiu ser a pior de todos os governos
desde a Ditadura Civil-Militar, incluindo esta”, critica Rubem Siqueira, da
coordenação da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Ele acredita que, enquanto o
governo Lula ainda fez um esforço para conciliar reforma agrária, agricultura
familiar e agronegócio, a gestão de Dilma teria abandonado a ideia de distribuir
terras.
Leia sobre Reforma
Agrária