A militante do MAB em Porto Velho (RO), Nilce de Souza Magalhães, foi
assassinada em janeiro deste ano e seu corpo ainda estava desaparecido
Nesta terça-feira (21), o corpo de Nilce de Souza Magalhães,
mais conhecida como Nicinha, foi encontrado no lago da barragem da Usina
Hidrelétrica Jirau, em Porto Velho (RO). A liderança do Movimento dos Atingidos
por Barragens (MAB) havia sido assassinada no início do ano e seu corpo estava
desaparecido desde o dia 7 de janeiro.
O cadáver foi achado em
um local há apenas 400 metros de distância da antiga moradia da militante, que
vivia em um acampamento de pescadores no rio Mutum. Descoberto por
trabalhadores da hidrelétrica, o corpo estava com as mãos e pés amarrados por
uma corda e ligado a uma pedra.
Duas filhas de Nicinha,
chamadas ao Instituto Médico Legal para fazerem o reconhecimento do corpo,
confirmaram que o relógio e as roupas encontradas com o corpo eram da mãe.
Apesar disso, a comprovação virá apenas com o resultado do exame de DNA, em
aproximadamente 15 dias.
Impunidade
Nicinha foi vista pela
última vez na barraca de lona onde morava com seu companheiro, Nei, em um
acampamento com outras famílias de pescadores, atingidas pela Usina
Hidrelétrica (UHE) Jirau, na localidade chamada de “Velha Mutum Paraná”.
Há cerca de dois meses,
Edione Pessoa da Silva, preso após confessar o assassinato da militante, fugiu
da Penitenciária Estadual “Edvan Mariano Rosendo”, localizada em Porto Velho
(RO), onde estava detido.
A liderança era
conhecida na região pela luta em defesa das populações atingidas, denunciando
as violações de direitos humanos cometidas pelo consórcio responsável pela UHE
de Jirau, chamado de Energia Sustentável do Brasil (ESBR). Filha de
seringueiros que vieram do Acre para Abunã (Porto Velho) em Rondônia, onde
vivia há quase cinquenta anos, foi obrigada a se deslocar para “Velha Mutum
Paraná” junto a outros pescadores. No local, não existia acesso à água potável
ou energia elétrica.
Nilce realizou diversas
denúncias ao longo desses anos, participando de audiências e manifestações
públicas, entre as quais, apontou os graves impactos gerados à atividade
pesqueira no rio Madeira. As denúncias geraram dois inquéritos civis que estão
sendo realizados pelos Ministérios Públicos Federal e Estadual sobre a não
realização do Programa de Apoio à Atividade Pesqueira e outro, de caráter
criminal, em função de manipulações de dados em relatórios de monitoramento.
Ainda emocionados pelo
aparecimento do corpo de Nicinha, lideranças do MAB reafirmaram a necessidade
de esclarecimento do caso e punição aos culpados. Em breve, um ato político em
homenagem a militante será convocado em Porto Velho.
Fonte: Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB