Na manhã desta quinta-feira (31/05) o
cenário na Praça Portugal pode ser traduzido pelo tradicional grito de luta do
coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, Nestor
Bezerra, “tá bonitooooo!”.
Cerca de quatro mil operários ocuparam
a praça em um exemplo de unidade, resistência e luta, “é uma categoria de
guerreiros gigantes, o sindicato não abandona esses trabalhadores e eles não
abandonam o sindicato”, afirmou Bezerra.
No meio da mobilização, relatos de
dificuldades financeiras, como despejo, falta de dinheiro para as compras do
mês e pagamentos de contas, os operários mostravam seus contracheques com
depósitos de apenas R$ 2. Mas, mesmo assim, não faltaram declarações de luta e
companheirismo. “Podem julgar, criminalizar e cometer injustiça, mas os
operários sabem por que estão em luta e que em casa existe uma família para
sustentar, temos uma categoria unida por dignidade, comida, respeito e por uma
sociedade mais justa”, constatou Bezerra.
O coordenador geral também questionou
sobre os motivos pelos quais “os donos do poder estarem todos unidos para
criminalizar os trabalhadores ao invés de denunciar a morte de operários
e a postura do sindicato patronal na mesa de negociação”.
De braços erguidos, em meio a gritos
de luta, os trabalhadores seguiram até a Avenida Abolição, onde em assembleia
decidiram pela continuidade do processo grevista e autorizaram o sindicato a
fechar acordo com as empresas que desejarem negociar sobre a compensação dos
dias parados.
Impasse
nas negociações – Nesta quarta-feira (30/05), os
operários da construção civil realizaram uma assembleia na Praça Portugal
para definir os rumos do processo grevista da categoria, depois que a
negociação ocorrida na terça-feira (29/05) na Assembleia Legislativa terminou sem
que a categoria obtivesse uma resposta satisfatória do Sindicato Patronal sobre
a negociação dos dias parados.
Segundo Nestor Bezerra, os
trabalhadores não querem obrigar as empresas a pagar pelos dias parados, mas
não aceitam assinar nenhuma cláusula que abra mão de uma negociação de
compensação por empresa ou que as que desejam paguem por esses dias.
Greve
julgada ilegal – Bezerra se mostrou surpreso ao saber
que o sindicato patronal, enquanto estava negociando durante toda à tarde na
Assembleia Legislativa, tentava uma ação de ilegalidade de greve na Justiça do
Trabalho, “tudo isso é para mim mais uma demonstração de total desrespeito ao
processo de negociação, aos trabalhadores e também aos Deputados que se
dispuseram a realizar a mediação”.
A direção do sindicato pretende
recorrer da decisão judicial que decretou a ilegalidade, tendo em vista que a
decisão partiu de apenas um único desembargador enquanto, segundo a Assessoria
jurídica da entidade a decisão caberia ao pleno do tribunal formado por um
total de oito Desembargadores.
A categoria, em assembleia, decidiu
por continuar o processo grevista.
Fonte: CSP-Conlutas, com informações do A Voz do Peão