sexta-feira, 1 de junho de 2012

Exemplo de resistência e coragem: sem salários, operários da construção civil de Fortaleza seguem na greve


Na manhã desta quinta-feira (31/05) o cenário na Praça Portugal pode ser traduzido pelo tradicional grito de luta do coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, Nestor Bezerra, “tá bonitooooo!”.

Cerca de quatro mil operários ocuparam a praça em um exemplo de unidade, resistência e luta, “é uma categoria de guerreiros gigantes, o sindicato não abandona esses trabalhadores e eles não abandonam o sindicato”, afirmou Bezerra.


No meio da mobilização, relatos de dificuldades financeiras, como despejo, falta de dinheiro para as compras do mês e pagamentos de contas, os operários mostravam seus contracheques com depósitos de apenas R$ 2. Mas, mesmo assim, não faltaram declarações de luta e companheirismo.  “Podem julgar, criminalizar e cometer injustiça, mas os operários sabem por que estão em luta e que em casa existe uma família para sustentar, temos uma categoria unida por dignidade, comida, respeito e por uma sociedade mais justa”, constatou Bezerra.

O coordenador geral também questionou sobre os motivos pelos quais “os donos do poder estarem todos unidos para criminalizar os trabalhadores  ao invés de denunciar a morte de operários e a postura do sindicato patronal na mesa de negociação”.

De braços erguidos, em meio a gritos de luta, os trabalhadores seguiram até a Avenida Abolição, onde em assembleia decidiram pela continuidade do processo grevista e autorizaram o sindicato a fechar acordo com as empresas que desejarem negociar sobre a compensação dos dias parados.

Impasse nas negociações – Nesta quarta-feira (30/05), os operários da construção civil realizaram uma assembleia  na Praça Portugal para definir os rumos do processo grevista da categoria, depois que a negociação ocorrida na terça-feira (29/05) na Assembleia Legislativa terminou sem que a categoria obtivesse uma resposta satisfatória do Sindicato Patronal sobre a negociação dos dias parados.

Segundo Nestor Bezerra, os trabalhadores não querem obrigar as empresas a pagar pelos dias parados, mas não aceitam assinar nenhuma cláusula que abra mão de uma negociação de compensação por empresa ou que as que desejam paguem por esses dias.

Greve julgada ilegal – Bezerra se mostrou surpreso ao saber que o sindicato patronal, enquanto estava negociando durante toda à tarde na Assembleia Legislativa, tentava uma ação de ilegalidade de greve na Justiça do Trabalho, “tudo isso é para mim mais uma demonstração de total desrespeito ao processo de negociação, aos trabalhadores e também aos Deputados que se dispuseram a realizar a mediação”.

A direção do sindicato pretende recorrer da decisão judicial que decretou a ilegalidade, tendo em vista que a decisão partiu de apenas um único desembargador enquanto, segundo a Assessoria jurídica da entidade a decisão caberia ao pleno do tribunal formado por um total de oito Desembargadores.

A categoria, em assembleia, decidiu por continuar o processo grevista.

Fonte: CSP-Conlutas, com informações do A Voz do Peão
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