De
15 a 23 de junho será realizado no Rio de Janeiro a Cúpula dos Povos, evento
que ocorre no Aterro do Flamengo, paralelamente à Rio+20 (Conferencia sobre
Desenvolvimento Sustentável promovida pelas Nações Unidas).
A
Rio+20 ocorre após 20 anos da chamada Eco92 que tinha como desafio traçar metas
para as próximas duas décadas de preservação do meio ambiente. De lá para cá, o
que se pode observar é que pouco ou nada tem sido feito neste sentido.
A
própria ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira defendeu, em entrevista ao
jornal O Estado de S. Paulo, o estimulo do consumo dado pelo governo em forma
de redução de IPI e redução de juros. Segundo ela, “as medidas de estímulo ao
consumo não são incompatíveis com o debate da Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20)”. A ministra chamou de “miopia
ambiental” acreditar que o estimulo ao consumo em curto prazo possa prejudicar
o desenvolvimento sustentável. Essa posição reflete a postura de
descaso do governo, que defende a redução do IPI para os automóveis. A
venda exagerada de carros sem a alternativa do trasnporte público de qualidade
transforma as grandes cidades num caos, inviabilizando-as, como é o caso de São
Paulo – mas as montadoras vendem milhões.
A
construção da hidrelétrica de Belo Monte que levará à morte povos indígenas e
ribeirinhos e que agride profundamente o meio ambiente é um exemplo que podemos
citar de outro total descaso com o meio ambiente ao custo do desenvolvimento do
país. Além disso, a hidrelétrica é construída sob a repressão e exploração
de trabalhadores que protagonizaram greves e mobilizações por melhores
condições de trabalho nos canteiros de obra.
A
mineradora Vale também é outro reflexo de como a mineração, apesar dos
discursos de sustentabilidade e responsabilidade sociais das grandes
corporações internacionais, na realidade se mantém por meio da exploração de
trabalhadores para garantir seus lucros exorbitantes.
Militantes
contrários ao desmatamento provocado por madeireiros e latifundiários
pagaram com a vida. No ano passado diversos trabalhadores rurais foram
brutalmente assassinados. Entre eles, o agricultor Adelino Ramos, assentado no
Agroflorestal Curuquetê, localizado em Lábrea, no Amazonas, divisa com Rondônia
e Acre; o casal José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da
Silva assentados do Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, em Nova
Ipixuna (PA) e o integrante do mesmo assentamento, Herenilton Pereira dos Santos, que
foi encontrado morto a 7 km do local onde o casal havia sido assassinado.
Em
entrevista para o Sindsprev-RS, Osmarino Amâncio denunciou que a Rio+20 será
para selar uma proposta de “economia sustentável” que na realidade está a
serviço do capitalismo. “Esta proposta é uma ideia do modelo capitalista que
temos, que se apropriou da natureza e da ecologia para ganhar muito dinheiro,
sem se preocupar com o desastre que vai acontecer nas gerações futuras. (…)
Isso é uma proposta perigosa, de lucro imediato, de concentração da riqueza da
natureza. Não deveria estar se comercializando a floresta, pois ela é direito
de todos”, disse o trabalhador rural, acrescentando que capitalistas estão se
apropriando do meio ambiente e privatizando um bem que é da humanidade em nome
da falácia chamada “sustentabilidade”.
Todos
esses temas serão debatidos na Cúpula dos Povos que se diferenciará da Rio+20,
pois será um evento realizado por organizações da sociedade civil no qual será
discutido sob a ótica dos movimentos sociais os rumos que estão
sendo dados ao meio ambiente.
A
CSP-Conlutas participará das atividades promovidas por entidades filiadas e
outras iniciativas na Cúpula dos Povos.
Confira a Programação
Dia 15 de junho, 14 às 16h
Debate:
A violação dos direitos humanos, sociais e ambientais nas favelas – Tenda 6 –
Clara Zetkin
Dia 16 de junho, das 11h30 às 13h30
Debate:
Direito a Moradia versus Grandes obras. A Reforma Urbana Pendente e os Novos
Pinheirinhos – Tenda 14 – Eliane de Grammont (nome da Tenda)
Debatedores:
Cyro Garcia Presidente do PSTU-RJ; Carlos Eduardo M. Silva Asibama RJ; Rumba
Gabriel do Movimento Popular de Favelas; Robson de Aguiar Oliveira – MTST
Nacional;
Tenda
14 – Eliane de Grammont
Dia 16 de junho, das 14h às 16h
Mesa
redonda com a Anel, CSP-Conlutas e Comitê Social de Favelas para a RIO+20:
Os Direitos da Juventude nas periferias e favelas
Tenda
12 – Egidio Bruneto
Dia 16 de junho, das 16h30 às 18h30
A
contribuição do saber popular para a transição de um novo modelo sustentável
Participam:
Comitê Social de Favelas para a RIO +20
Tenda
18 – Galdino dos Santos
Dia 16 de junho, das 16h30 às 18h30
Painel
MML (Movimento Mulheres em Luta): Mulheres Trabalhadoras contra o machismo e a
exploração – Um olhar feminista da luta pelo mundo que queremos
Tenda
12 – Egidio Bruneto (nome da Tenda)
Dia 18 de junho
Movimento
Mulheres em Luta participa da Marcha de Mulheres, organizada pela Cúpula dos
Povos
Dia 19 de junho, às 9h
Debate:
Grandes obras versus meio ambiente
Debatedores:
jornalista do Movimento Xingu Vivo, Ruy Sposati; o representante do Movimento
São Francisco Vivo, Rubens Siqueira; a presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Xapuri Dercy Teles e o representante do Sindicato da
Construção Civil do Pará e também membro da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes.
Auditório
do Sindsprev RJ.
Dia 20 de junho
Ato
com passeata, pela manhã próximo ao local onde está sendo realizada a Rio+20.
Às 15h, passeata da Candelária à Cinelândia, junto com outras entidades do
movimento sindical, popular e estudantil.
Dia 21 de junho, às 9h30 na OAB
Atividade:
Pinheirinho Vive!
Com
Aristeu Cesar Neto
Advogado
das famílias do Pinheirinho e da CSP CONLUTAS