É a
primeira vez que categoria faz paralisação; reivindicação é por maiores
salários
Pela
primeira vez na sua história, o Itamaraty enfrenta, a partir desta
segunda-feira, 18, uma greve dos seus servidores. Oficiais de Chancelaria,
Assistentes de Chancelaria e, de acordo com o sindicato da categoria, até mesmo
alguns diplomatas decidiram pela paralisação em uma assembleia realizada em
Brasília, que contou com a participação, via redes sociais, de funcionários de
fora do País.
Pelo
menos 60 postos no exterior, incluindo o atendimento consular em Paris, Roma,
Londres, Nova York, Los Angeles e Washington serão afetados. Às vésperas das
férias de julho, o problema pode repercutir diretamente nos milhares de
brasileiros que devem viajar para o exterior nos próximos dias e nos
estrangeiros que virão ao Brasil. Uma das poucas atividades que não serão
prejudicadas pela greve é a organização da Conferência Rio +20.
A decisão
da assembleia ressalta que o os funcionários que estão na organização do
encontro de mais de 150 chefes de Estado, que termina no final dessa semana,
será preservado. Nele estão mais de 200 diplomatas, oficiais e assistentes. Dos
cerca de 500 que ficaram em Brasília, 300 participaram da assembleia.
Os
oficiais e os assistentes de chancelaria são, normalmente, os responsáveis
pelas funções administrativas das embaixadas, consulados e também da sede do
ministério, em Brasília. O trabalho inclui também o atendimento direto ao
público, o atendimento telefônico das unidades consulares e até mesmo a emissão
de novos passaportes - que, apesar de ser autorizada pelos diplomatas, passa
pelas mãos dos oficiais. O Itamaraty admite que durante o período da greve, o
trabalho poderá ficar mais lento e terá que ser assumido pelos diplomatas.
De acordo
com o SindItamaraty, que representa todas as categorias de servidores do chamado
Serviço Exterior Brasileiro, o que os funcionários querem é a equiparação com
os salários mais altos das carreiras de Estado. No caso dos diplomatas, os
vencimentos subiriam pouco: dos atuais R$ 12.960, em início de carreira, para
os R$ 13,6 mil de um auditor fiscal. O salário final passaria de R$ 18.470 para
R$ 19.689, os vencimentos de um delegado da Polícia Federal.
Os
maiores aumentos seriam para os Oficiais e Assistentes. Os primeiros, que hoje
recebem inicialmente R$ 6,3 mil, passariam para a segunda categoria de
vencimentos de nível superior do governo federal, R$ 12.960. Os assistentes
passariam à primeira categoria dos cargos de ensino médio, saindo de um salário
R$ 3,1 mil para R$ 5,8 mil - em valores de hoje, já que a maior parte das categorias
classificadas nessas faixas também hoje pede reajustes, que os servidores do
Itamaraty também pretendem receber.
Em uma
carta enviada ao ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota,
no dia 14 deste mês, os servidores informavam sobre a possibilidade de greve e
suas reivindicações, que estão sendo negociadas com o Ministério do
Planejamento. Até agora, no entanto, não houve nenhum sinal positivo. Os
servidores já haviam feito uma paralisação no dia 30 de maio, mas as
negociações não avançaram. A greve é por tempo indeterminado, mas uma nova
assembleia foi marcada para sexta-feira com a intenção de avaliar alguma
proposta do Planejamento, se houver.
Fonte: Agência Estado