Enquanto
milhares de professores e estudantes em greve marchavam em Brasília no Ato
Unificado do Funcionalismo Público Federal no dia 05 de julho, um pequeno grupo
de professores dirigentes do ProIfes era recebido pelo Ministro da Educação,
Aluízio Mercadante.
A entidade sindical enfrenta a maior crise desde que a mesma foi
criada como tentativa de enfraquecer o Andes.
Em seu sítio, foi destacado a realização da
reunião em separado do Andes: “O PROIFES foi recebido às 14h30 de hoje, 5 de
junho de 2012, pelo Ministro Aloízio Mercadante e pelo Secretário da SESu,
Amaro Lins. Pela Federação, fizeram-se presentes os professores Eduardo Rolim
de Oliveira (Presidente), Fernando Amorim (Vice-Presidente) e Gil Vicente
Figueiredo (Tesoureiro). A ANDES (sic), por sua vez, foi recebida às 10h30.
Ainda no período da manhã, também aproximadamente às 10h30, grupos de
estudantes em greve que participavam de manifestação conjunta depredaram a
entrada do prédio do MEC, quebrando os vidros do saguão de acesso, razão pela
qual a entrada da delegação do PROIFES não pode se dar através da porta
principal do edifício”.
Sem
constrangimento, o ProIfes inventou que o confronto entre estudantes e
policiais teria ocorrido na mesma hora da reunião do MEC com o Andes, as
10:30h, quando na verdade a tentativa de ocupação do MEC ocorreu por volta das
13h, após a marcha, quando os estudantes se concentraram em frente ao
Ministério.
O sítio do
“ProIfes-Federação” faz questão ainda de ecoar a versão de “greve precipitada”
de Mercadante, e faz o anúncio do retorno do Grupo de Trabalho de
Reestruturação das Carreiras, rompido pelo governo.
Crise na base
Os sindicatos de docentes de universidades federais ligados ao
ProIfes passam por uma verdadeira rebelião de base. Depois da decretação de greve da UFBA, estes sindicatos tentam de toda
a forma brecar a deflagração da greve em outras instituições.
Na
Universidade Federal de Goiás, a presidente da ADUFG se negou a iniciar uma
assembleia que deflagraria greve em 06 de junho. Em vídeo que está na internet,
uma multidão exigia a deflagração da greve, enquanto a presidente da entidade
exigia a retirada de estudantes e de professores não sindicalizados do local. A
diretoria do sindicato encerrou a assembleia sem que esta sequer tivesse sido
iniciada, gerando um grande tumulto no local.
Logo em
seguida, o sítio da ADUFG divulgava uma versão para o acontecimento baseado em
um vídeo editado e sem som. e uma nota em que afirma que a assembleia não
foi instalada porque houve uma grande confusão, ou seja, dizendo exatamente o
contrário, pois a confusão começou exatamente pela não instalação da
assembleia. O corte realizado no vídeo também omite um fato
central: o tumulto começou quando o ex-presidente do sindicato, João de Deus,
ameaça agredir fisicamente uma professora.
Na versão dada pelo ProIfes em seu sítio, a assembleia não ocorreu pois
foi “invadida por estudantes e pessoas não associadas ao Sindicato, o que levou
ao cancelamento da mesma, pela insistência dos invasores em não se retirar do
recinto”. Na mesma nota, o ProIfes resolve novamente retomar a condenação da
tentativa de ocupação do MEC.
“Essa
radicalização nos episódios envolvendo o Movimento Docente têm crescido em todo
o país, já tendo havido situação semelhante na Bahia e ontem, em Brasília, com
a depredação da entrada do prédio do Ministério da Educação, só demonstra que
pequenos grupos, certamente representantes de interesses político-partidários,
têm tentado à força, com atos de violência, impor seus interesses particulares
ao conjunto do Movimento Docente, fazendo parecer que há uma realidade que não
é a que pensa a maioria dos docentes, que estão procurando através de seus
sindicatos legítimos e do PROIFES-Federação defender seus direitos, de forma
democrática e autônoma.”, diz trecho de documento
que está no sítio da entidade.
Nas universidades federais do Ceará, Minas Gerais, São Carlos,
Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte, todas ligadas ao ProIfes, as
diretorias de sindicatos têm que lidar ainda com outra situação: a forte
mobilização de estudantes e/ou técnicos administrativos que se somam à base
docente insatisfeita.
Enquanto isto, a greve chega a 51 instituições federais de
ensino superior na base do Andes. Veja aqui o quadro mais atualizado da
greve.
Situação das Universidades com sindicatos ligados ao ProIfes:
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul: Assembleia deliberativa sobre a
greve em 11/06. Na assembleia geral do último dia 5 de junho, os docentes das 11
unidades da ADUFMS-Sindical rejeitaram a proposta do Proifes-Federação,
(indicativo de greve para o dia 15 de junho, precedido de plebiscito a ser
realizado no dia 12 de junho);
Universidade Federal do Ceará: Plebiscito sobre a deflagração
ou não de greve em 11/06 e assembleia geral para homologação do resultado em
12/06;
Universidade Federal do Rio Grande do Norte: Realização de um plebiscito no
próximo dia 12 de junho para decidir sobre o indicativo de greve para o dia 15
de junho;
Universidade Federal de Goiás: Assembleia em 06/06
deliberou greve em 11/06 em Goiânia, mesmo com a posição da ADUFG de se
recursar a instala-la; Campi de Jataí e Catalão já estão em greve;
Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre:
indicativo de greve para 15 de junho;
Universidade Federal de São Carlos: Assembleias nos campi de Sorocaba (29 de maio) deflagrou
greve; Campi de Araras realizou assembleia em 30 de maio e de São Carlos, em 31
de maio, decidiram por deflagração de greve com data a definir;
Universidade Federal da Bahia: Deliberou-se greve em Assembleia
Geral realizada em 29 de maio, mas em plebiscito realizado em 05 e 06 de junho
decidiu-se, por 415 a 390, pela não entrada no movimento paredista. Assembleia
com a presença de 2 mil estudantes deliberou pela greve.