Por Edilberto Sena*
Que irão fazer e dizer as autoridades maiores dos nove estados
que compõem a Amazônia Legal? Irão passear? Ou irão dizer às autoridades
nacionais e internacionais, que os 30 milhões de habitantes desta rica região
são explorados, tanto pelas empresas que chegam aqui e retiram as riquezas
minerais e vegetais, levam para fora e são protegidas por leis injustas, quanto
pelo próprio governo
brasileiro que investe 200 bilhões de reais em obras do Programa de
Aceleração do Crescimento
(PAC) e nada investe na preservação do
meio ambiente
Terão os governos da Amazônia legal coragem de denunciar perante os
chefes de Estado do Brasil e
do mundo que a Lei Kandir é
uma imoralidade contra os povos da Amazônia? Será que denunciarão a construção de 30 grandes hidroelétricas na
Amazônia que são crimes, ambiental, social e econômico contra a região? Tudo
indica que nada disso farão os governadores.
Hoje*, em Manaus eles estarão reunidos para analisar um
documento chamado de Pacto pelo Desenvolvimento Sustentável da Amazônia. Tal
documento preparado
previamente por uma equipe de técnicos dos
governos estaduais, foi submetido à análise de 130 delegados de vários setores da sociedade dos nove Estados
da Amazônia Legal. A analise não podia ser séria, por ser pouco tempo, apenas
dois dias e um volumoso documento, com 273 parágrafos. Além disso a equipe
coordenadora submeteu os 130 convidados a um método superficial de análise em
que pouco se podia modificar o texto, que não terá impacto ao ser levado pelos
governadores à conferência Rio+20.
Boa parte dos convidados saiu do encontro decepcionada
com o pobre resultado e certamente os chefes de Estado da conferência mundial
ficarão decepcionados com a falta de ousadia dos amazônidas em denunciar as
violências causadas pelo capital explorador e a subserviência das autoridades
brasileiras. A Amazônia estará conformada em ser colônia de exploração de
riquezas e violência ao povo e ao meio ambiente. Pois o dito pacto pelo
desenvolvimento sustentável na Amazônia não passa de um arremedo de compromisso
sério com os direitos dos povos da Amazônia. Que vergonha!
*Padre diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de
Santarém. Editorial de 01° de junho de 2012.