quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ceará: Trabalhadores rurais de multinacional do agronegócio deflagram greve


Mais de 300 trabalhadores rurais da empresa multinacional Delmonte Fresh Produce deflagraram greve no início da manhã de segunda-feira, 25 de junho, em Limoeiro do Norte, Ceará. A região da Chapada do Apodi é um grande polo do agronegócio no estado, especialmente na produção de frutas. Acampados em frente à empresa, os funcionários reivindicam direito a pagamento de horas "in intineres" (condução de casa ao trabalho) e alimentação, e ainda denunciam sofrerem assédio moral.

A direção da empresa disse lamentar a ação grevista do que seria uma minoria dos trabalhadores, uma vez que a categoria já estava em fase de negociação da convenção trabalhista entre empregados e empregadores.
Caminhões que fazem o escoamento dos produtos para exportação ficaram retidos na empresa, gerando alguns momentos de tensão durante a aproximação de veículos que queriam romper o cerco.

De que lado eles sambam?

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Ceará (Fetraece), ligada à Contag, confirma a negociação, na qual duas pautas já tinham sido encaminhadas ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), mas apesar de, e por isso, a greve já nascer "fraca",declara que a entidade atuará em defesa dos trabalhadores. A greve tem o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Limoeiro do Norte, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da CSP-Conlutas.

Os trabalhadores grevistas disseram que, na semana passada, já tinham levado as reivindicações para a direção da empresa que, ainda segundo eles, teriam se recusado a receber o documento de greve, enviado na última quinta-feira. Sem uma resposta da empresa, os funcionários decidiram cruzar os braços, gerando paralisação em setores como colheita e empacotamento. Outra reclamação é a falta de alimentação para os trabalhadores. Eles levam uma marmita com o almoço feito na madrugada, para ser consumido várias horas depois.

O diretor jurídico da Delmonte, Newton Assunção, disse lamentar uma ação grevista justo quando já existe negociação entre as partes.

"Consideramos legítima toda e qualquer reivindicação por melhorias para trabalhadores, mas essa ação de um movimento paredista é abusiva, pois já estamos em negociação na convenção", afirma. A negociação é uma mesa com as partes representadas por Fetraece e Faec.

*Com informações do Diário do Nordeste (Melquíades Júnior)
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