Sem
provas, concessionária responsável pela usina acusa 11 pessoas de roubo,
formação de quadrilha e perturbação, entre outros crimes. Pedido de prisão
ainda não foi aceito
A polícia
civil do Pará pediu à Justiça a prisão preventiva de 11 pessoas acusadas de
participar dos protestos contra a construção da usina hidrelétrica de Belo
Monte entre os dias 13 e 17 de junho, durante a realização do evento Xingu +23
na Vila de Santo Antônio, a 50km de Altamira, oeste do Pará. A representação
pela prisão preventiva aguarda o parecer do Ministério Público Estadual (MPE).
Entre os
acusados no inquérito estão integrantes e assessores do Movimento Xingu Vivo
para Sempre, um padre que rezou uma missa e abençoou o encontro, uma freira, um
pescador que teve sua casa destruída pelo Consórcio poucos dias antes,
missionários indigenistas e um documentarista de São Paulo.
A polícia
acusa essas pessoas de terem planejado uma ação no escritório do Consórcio
Norte Energia, “apesar de não existir nos autos uma única imagem
comprovando isso”, diz Marco Apolo Leão, advogado e presidente da Sociedade
Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, que atua na defesa dos militantes.
Também há acusações de danos, roubo, incêndio, desobediência, esbulho
possessório, perturbação da ordem pública e formação de quadrilha.
Diante
das ameaças de prisão da polícia divulgadas na imprensa, advogados do movimento
entraram com um pedido de habeas corpus preventivo para garantir a liberdade
dos perseguidos. Protocolado pela defesa na sexta-feira, 22, o pedido de Hábeas
Corpus recebeu parecer favorável do Ministério Público, mas foi negado pela
justiça na segunda-feira, 25. “Vamos recorrer dessa decisão e manter a posição
de que ninguém falará na polícia, pois não conseguimos ter acesso a todas as
peças do inquérito”, afirma o advogado. O depoimento de oito dos 11 acusados
está marcado para quarta-feira, 27, em Altamira.
DEFESA
Além da dificuldade de acessar todas as peças do processo, a defesa dos integrantes do movimento Xingu Vivo alega que as investigações sobre o caso carecem de legitimidade e imparcialidade, já que as polícias civil e militar, em Altamira, são, em grande parte, “patrocinadas e financiadas pelas próprias empresas que constroem Belo Monte”, por conta de um termo de cooperação assinado com o governo estadual.
Além da dificuldade de acessar todas as peças do processo, a defesa dos integrantes do movimento Xingu Vivo alega que as investigações sobre o caso carecem de legitimidade e imparcialidade, já que as polícias civil e militar, em Altamira, são, em grande parte, “patrocinadas e financiadas pelas próprias empresas que constroem Belo Monte”, por conta de um termo de cooperação assinado com o governo estadual.
A defesa
também diz que este é mais um caso de criminalização das lideranças de
movimentos sociais e, por isso, uma grande rede de solidariedade e manifestações
está sendo construída para apoiar os integrantes do movimento Xingu Vivo e as
outras pessoas vítimas das acusações do Consórcio Norte Energia e da polícia.
Uma nota de apoio aos militantes já conta com assinatura de 146 instituições da
sociedade civil de todo o Brasil, entre eles a Sociedade Paraense de Defesa dos
Direitos Humanos (SDDH) e o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH).
Ainda
esta semana, a frente jurídica do movimento irá encaminhar um informe
denunciando a criminalização dos ativistas para a ONU e a OEA.
Fonte:
Movimento Xingu Vivo para Sempre
Observação: Ao contrário da notícia vinculada anteriormente aqui, ainda não houve a decretação das prisões por parte do Judiciário e sim, o pedido de prisão por parte da Polícia Civil.