quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Pará: PF cumpre mandados de prisão contra grileiros e desmatadores em Novo Progresso

Quadrilha teria promovido os maiores desmatamentos na Amazônia na atualidade.
Fotografia: Folha do Progresso

Em ação conjunta da Polícia Federal, Ibama, Ministério Público Federal e Receita Federal foram cumpridos nesta terça-feira (27 de agosto) mandados de prisão preventiva e temporárias contra uma quadrilha que atuava em Novo Progresso, na região paraense da BR-163, onde se concentra os maiores focos de desmatamento e queimadas em toda a região amazônica. Noventa e seis policiais federais e 19 servidores do Ibama participam da chamada “Operação Castanheira”.

 Estão sendo cumpridos 22 mandados de busca e apreensão, 11 de prisões preventivas, três de prisões temporárias e quatro de conduções coercitivas (quando a pessoa é conduzida à delegacia para prestar depoimento e liberada em seguida). As prisões e diligências ocorrem em mais três estados, além do Pará: São Paulo, do Paraná e de Mato Grosso. A Polícia Federal emitiu nota afirmando que se tratam dos “maiores desmatadores da Amazônia”.

Segundo as investigações, trata-se de uma organização criminosa especializada em invadir e promover desmatamentos ilegais em terras públicas federais, que são loteadas e vendidas para grandes criadores de gado.

Entre as áreas invadidas estaria a Floresta Nacional do Jamanxim, área que sofre grandes desmatamentos e ameaças de redução de sua área,  promovida por agropecuaristas e deputados ruralistas. A Flona foi criada em 2005, exatamente para tentar conter o desmatamento que poderia a crescer na região em função do anúncio do asfaltamento da Cuiabá-Santarém, a BR-163, corredor de exportação de soja dos cerrados do Mato Grosso. 


Segundo a Procuradoria da República no Pará, as terras degradadas e transformadas em pastos pela quadrilha eram loteadas e vendidas a produtores rurais. O dano ambiental, já comprovado por perícias, ultrapassa R$ 500 milhões.

Nos últimos dias, o Greenpeace divulgou análises a partir de imagens de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)  que áreas embargadas pelo Ibama na região da BR-163 devido a grandes desmatamentos ilegais promovidos em anos anteriores estavam sendo livremente queimados nas últimas semanas.
Segundo matéria divulgada no sítio  da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, a operação foi apelidada de Castanheira, em alusão à árvore protegida por lei e símbolo da Amazônia, que seria “abundante” na região de Novo Progresso. Até o momento, a Polícia Federal e o MPF ainda não divulgaram o nome dos presos.
Contudo, a ordem de prisão do dono do supermercado Castanho, em Novo Progresso,  Ezequiel Antonio Castanho, acusado de ser um dos principais envolvidos no esquema, parece ter sido a real “inspiração” para o nome da operação. A tentativa de prisão dele e outros acusados foram apontados pelo sítio do jornal Folha do Progresso, de Novo Progresso que acompanhou a operação.
Segundo o jornal, “(...) várias residências e escritórios foram interceptadas pela madrugada, advogados representando a OAB/PA foram chamados para participar da operação como testemunhas”. Além de Castanho, o jornal aponta a existência de ordens de prisão de várias pessoas “influentes” do município e a fuga de outros, inclusive de Castanho, que após fugir dos policiais, teria tomado paradeiro desconhecido e encontraria-se na condição de foragido.
“As residências foram tomadas pela PF foi: a residência do proprietário do supermercado Castanha senhor Ezequiel, residência do proprietário do Hotel Mira[n]da, empresário Senhor Geovanni, residência do proprietário do Supermercado Duvalle, senhor Ismael, escritório de advocacia entre outros. Segundo informação os empresários Ezequiel Castanha e Ismael do Duvallle , conseguiram fugir da operação, mas tem mandado de prisão e estão sendo considerados foragidos da justiça”, informa o texto no jornal transcrito na íntegra.
*As principais informações são do Ministério Público Federal, do jornal Folha do Progresso e do arquivo do blog.
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