Quadrilha teria promovido os maiores desmatamentos na Amazônia na atualidade.
Em ação conjunta da Polícia Federal, Ibama, Ministério Público Federal e
Receita Federal foram cumpridos nesta terça-feira (27 de agosto) mandados de
prisão preventiva e temporárias contra uma quadrilha que atuava em Novo
Progresso, na região paraense da BR-163, onde se concentra os maiores focos de
desmatamento e queimadas em toda a região amazônica. Noventa e seis policiais federais e 19
servidores do Ibama participam da chamada “Operação Castanheira”.
Estão sendo cumpridos 22 mandados de busca e
apreensão, 11 de prisões preventivas, três de prisões temporárias e quatro de
conduções coercitivas (quando a pessoa é conduzida à delegacia para prestar
depoimento e liberada em seguida). As prisões e diligências ocorrem em mais três estados, além do Pará: São Paulo, do
Paraná e de Mato Grosso. A Polícia Federal emitiu nota afirmando que se tratam
dos “maiores desmatadores da Amazônia”.
Segundo as investigações, trata-se de
uma organização criminosa especializada em invadir e promover desmatamentos
ilegais em terras públicas federais, que são loteadas e vendidas para grandes
criadores de gado.
Entre as áreas invadidas estaria a
Floresta Nacional do Jamanxim, área que sofre grandes desmatamentos e ameaças de redução de sua área, promovida por agropecuaristas e
deputados ruralistas. A Flona foi criada em 2005, exatamente para tentar conter o desmatamento que poderia a crescer na região em função do anúncio do asfaltamento da Cuiabá-Santarém, a BR-163, corredor de exportação de soja dos cerrados do Mato Grosso.
Segundo a Procuradoria da República no
Pará, as terras degradadas e transformadas em pastos pela quadrilha eram loteadas e vendidas a
produtores rurais. O dano ambiental, já comprovado por perícias, ultrapassa R$
500 milhões.
Nos últimos dias, o Greenpeace
divulgou análises a partir de imagens de satélites
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que áreas embargadas pelo Ibama na região da
BR-163 devido a grandes desmatamentos ilegais promovidos em anos anteriores
estavam sendo livremente queimados nas últimas semanas.
Segundo
matéria divulgada no sítio da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, a operação foi apelidada de Castanheira, em alusão à árvore protegida por lei
e símbolo da Amazônia, que seria “abundante” na região de Novo Progresso. Até o
momento, a Polícia Federal e o MPF ainda não divulgaram o nome dos presos.
Contudo,
a ordem de prisão do dono do supermercado Castanho, em Novo Progresso, Ezequiel Antonio Castanho, acusado de ser um dos principais envolvidos no esquema, parece ter
sido a real “inspiração” para o nome da operação. A tentativa de prisão dele e
outros acusados foram apontados pelo sítio do jornal Folha do Progresso, de Novo Progresso,
que acompanhou a operação.
Segundo
o jornal, “(...) várias residências e escritórios foram interceptadas pela
madrugada, advogados representando a OAB/PA foram chamados para participar da
operação como testemunhas”. Além de Castanho, o jornal aponta a existência de
ordens de prisão de várias pessoas “influentes” do município e a fuga de
outros, inclusive de Castanho, que após fugir dos policiais, teria tomado paradeiro
desconhecido e encontraria-se na condição de foragido.
“As
residências foram tomadas pela PF foi: a residência do proprietário do
supermercado Castanha senhor Ezequiel, residência do proprietário do Hotel Mira[n]da,
empresário Senhor Geovanni, residência do proprietário do Supermercado Duvalle,
senhor Ismael, escritório de advocacia entre outros. Segundo informação os
empresários Ezequiel Castanha e Ismael do Duvallle , conseguiram fugir da
operação, mas tem mandado de prisão e estão sendo considerados foragidos da
justiça”, informa o texto no jornal transcrito na íntegra.
*As
principais informações são do Ministério Público Federal, do jornal Folha do
Progresso e do arquivo do blog.