sábado, 13 de dezembro de 2014

MT e TO: Servidores do Incra são ameaçados de morte por denunciarem irregularidades em assentamentos

Após ações do Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal que culminaram na realização das operações “Terra Prometida”, em Mato Grosso, e “Gaia”, em Tocantins, bem como prisões de pessoas acusadas de estarem vendendo terras em assentamentos da Reforma Agrária, servidores do Incra estão sendo ameaçados de morte por serem denunciantes destes esquemas criminosos.
 Em Mato Grosso, as ameaças começaram após a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) de soltar os 34 presos durante a operação “Terra Prometida. Isso impactou na segurança de testemunhas e pequenos agricultores, que começaram a ser ameaçados pouco depois do anúncio da concessão do habeas corpus. Pelo menos duas pessoas já registraram boletim de ocorrência em unidades da Polícia Militar no município de Itanhangá (MT) e o Ministério Público Federal (MPF) aguarda os documentos para tomar as providências cabíveis.
Um desses ameaçados é o servidor do Incra/MT, Antônio Alves Nogueira. Ele atuou como colaborador da Polícia Federal durante as investigações. No inquérito, o nome dele e dos agricultores Dirceu Luiz Cappellesso e José Ferreira da Silva são citados várias vezes como vítimas de ameaça.
Em Tocantins, o ameaçado de morte é um servidor do Incra lotado na Superintendência Regional, em Palmas. Ele prefere não ser identificado, pois acredita que ainda corre risco de morte, juntamente com a família – também alvo de ameaças, que chegaram ao servidor por meio de duas cartas. 
A Operação Gaia teve seu ápice na manhã do dia 25 de junho de 2014, quando a Polícia Federal cumpriu dez mandados de busca e apreensão na sede da Superintendência Regional do Incra em Palmas e em outros locais da capital.  A ação teve o objetivo de desarticular um esquema de recebimento de propina para ceder lotes em assentamentos em Tocantins.
 A investigação teve início em fevereiro deste ano após a denúncia de uma pessoa que teria pago R$ 10 mil e três cabeças de gado para conseguir um lote em um projeto de assentamento. O dinheiro teria sido pago a um funcionário do Incra no estado. "A quadrilha arregimentava pessoas interessadas e oferecia esse lote, mediante o pagamento de uma vantagem indevida em torno de R$ 10 mil ou mais. No esquema existia a pessoa que fazia o arregimento dos interessados em pagar propina e a pessoa que atuava também dentro do órgão para poder viabilizar as promessas de assentamento", explicaram os delegados Rildo Rodrigues Lima, da Delegacia Fazendária, e Fernando Paganelli, da Delegacia de Combate ao Crime Organizado, que concederam uma entrevista coletiva à imprensa sobre a operação.
Apoio da Cnasi
A direção da Cnasi vem a público explicitar seu apoio a esses servidores honestos e cumpridores de seu dever como cidadãos e agentes públicos ao denunciarem irregularidades e crimes que ocorrem no Incra e em assentamentos sob sua coordenação.
Acesse AQUI nota da Cnasi sobre irregularidades no Incra. 
A Cnasi aproveita a oportunidade para cobrar do Governo Federal e da Presidência do Incra proteção a esses servidores, e suas famílias, ameaçados de morte por denunciarem irregularidades no órgão, bem como rigor nas investigações. A entidade vai reiterar a solicitação de providencias do MDA, bem como do MPF, para que esses servidores tenham sua segurança física assegurada. A Cnasi vai fazer um dossiê com essas e outras denúncias de irregularidades no Incra e encaminhar a diversos órgãos, com destaque para MDA, MPF, OAB, STF, Senado, Câmara dos Deputados.
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