Ela discursou na posse da
presidente da Confederação da Agricultura. Senadora Kátia Abreu (PMDB) é apontada como futura ministra do setor.
Nathalia Passarinho e Filipe
Matoso*
A presidente Dilma Rousseff afirmou
nesta segunda-feira (15), durante a posse da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO)
como presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que a parceria
com a parlamentar “está apenas começando”.
Kátia Abreu foi convidada
por Dilma para assumir o cargo de ministra da Agricultura no segundo mandato da
presidente, segundo
informou o Blog do Camarotti. A escolha ainda não foi confirmada
oficialmente pelo Palácio do Planalto.
“Quando estive aqui em
agosto, no encontro dos presidenciáveis, falei do meu orgulho de ter dialogado
com o setor agroecopecuário. Hoje, Kátia Abreu, quero dizer que nossa parceria
está apenas começando, temos quatro anos pela frente”, afirmou a presidente.
"Quero a CNA ao meu lado, preservada a sua autonomia e
independência", declarou Dilma.
Segundo ela, no segundo
mandato, o produtor rural não será "apenas ouvido e consultado".
"Proponho mais que isso. Quero o produtor rural tomando decisões junto
comigo, participando do governo e atuando diretamente na definição de novas
políticas", declarou.
A presidente Dilma Rousseff na cerimônia de posse de Kátia Abreu na CNA, ao lado da senadora e do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (Foto: Ricardo Stuckert Filho / Presidência ) |
Dilma iniciou e encerrou o
discurso com elogios a Kátia Abreu, destacando que compareceu pessoalmente à
posse para homenagear “uma mulher que se distinguiu na direção da CNA e que
honra o país”. “[Kátia Abreu] honra as mulheres desse país pela sua capacidade
de trabalho e por ser uma lutadora incansável por esse segmento que é muito
importante para o nosso país”, disse.
Segundo a presidente,
diferenças políticas e ideológicas não podem impedir que todos trabalhem pelo
objetivo comum de desenvolver o país e o agronegócio.
“As bandeiras da
produtividade e preservação estão nas mãos de todos. Por isso, eu digo que nós
temos um imenso conjunto, aqui representado, dos empresários do agronegócio,
dos trabalhadores rurais, dos ambientalistas, e de todos eles, sem exceção, sem
considerar diferenças políticas ou ideológicas.”
Em sua fala, Dilma procurou
reforçar que está disposta a ampliar o diálogo com o setor agropecuário e citou
investimentos públicos em produção agrícola.
“Desde 2011, participo das
reuniões que minha equipe elabora para concluir e propor o Plano Safra. Em
todos os anos, a CNA foi ouvida, suas sugestões foram quase todas elas acatadas
e seus pleitos sempre foram levados em consideração”, disse.
Segundo a presidente, o
governo sempre tentou atender os pleitos dos produtores rurais. “Meu governo
zelou por isso e posso dizer tranquilamente: buscamos garantir especial atenção
a alguns elos da cadeira produtiva por serem prioritárias ou porque até então
não tinham recebido apoio suficiente do Estado”, disse.
Dilma afirmou também
considerar possível ampliar a produção agrícola sem descuidar da preservação do
meio ambiente. “O sucesso do nosso plano agrícola é fácil de ser mensurado. Na
safra de 2001-2002, produzimos 96,8 milhões de toneladas, em 40,2 milhões de
hectares. Na safra deste ano, devemos ultrapassar 200 milhões de toneladas, em
58 milhões de hectares, ou seja, mais que dobramos a produção. Cito estes dados
porque estamos dando as melhores respostas a um dos maiores desafios, alimentar
o mundo sem destruir o planeta."
Indicação polêmica
A possível indicação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura é criticada por ambientalistas, líderes de movimentos sociais e pequenos produtores rurais.
A possível indicação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura é criticada por ambientalistas, líderes de movimentos sociais e pequenos produtores rurais.
Ainda nesta terça, após
reunião com a presidente Dilma, o integrante da coordenação nacional do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Alexandre Conceição afirmou
que a possível nomeação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura seria uma
medida “equivocada”.
Segundo ele, a presidente da
CNA representa “mais veneno na mesa, mais trabalho escravo e mais repressão a
indígenas e quilombolas.”
Na semana passada, após
reunião com Dilma, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura (Contag), Alberto Broch, classificou como "péssima" a
possibilidade de Kátia Abreu assumir o comando do ministério.
Paradigmas da esquerda
No discurso de posse, Kátia Abreu defendeu superar “paradigmas” da esquerda e da direita, como forma de garantir o desenvolvimento do país, sobretudo na área agropecuária.
No discurso de posse, Kátia Abreu defendeu superar “paradigmas” da esquerda e da direita, como forma de garantir o desenvolvimento do país, sobretudo na área agropecuária.
Algumas horas antes da
cerimônia, cerca de 70 manifestantes ligados ao Movimento Brasileiro dos Sem
Terra (MBST), à Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) e à Confederação
Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer) derrubaram a grade da sede da
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em protesto contra a
possibilidade de a senadora assumir o Ministério da Agricultura.
Eles tentaram invadir o prédio,
mas foram impedidos pela segurança. “Temos que superar paradigmas de grupos da
esquerda e da direita que desservem ao país. Como o [grupo] de hoje que, de
forma desrespeitosa, invadiu este prédio”, disse Kátia Abreu.
A senadora destacou que a
agricultura brasileira impulsiona a geração de empregos e, diante de Dilma,
disse que, apesar dos avanços, os investimentos públicos ainda são aquém do
esperado. Ela afirmou ainda que as diferenças partidárias não podem influenciar
as entidades representativas dos agricultores, como a CNA.
“A CNA não é uma casa
partidária. A disputa ideológica, legítima, necessária se exerce nos partidos
políticos. Nossa entidade deve continuar sendo uma reunião de homens e mulheres
que colocam a nação brasileira acima de tudo”, disse.
'Especulações'
Após a cerimônia na CNA, Kátia Abreu afirmou a jornalistas, durante coquetel, que são "especulações" as notícias de que será nomeada ministra da Agricultura. Segundo ela, não houve convite da presidente.
Após a cerimônia na CNA, Kátia Abreu afirmou a jornalistas, durante coquetel, que são "especulações" as notícias de que será nomeada ministra da Agricultura. Segundo ela, não houve convite da presidente.
Ao ser questionada sobre a
fala em que a presidente afirmou que a "parceria" com ela está
"apenas começando", Kátia Abreu disse que nos últimos quatro anos
houve proximidade "bastante interessante" entre a CNA e o governo e
que Dilma tem "confiança" na entidade.
"Com certeza estaremos
mais próximas, eu como presidente da CNA e como uma pessoa que aprendeu a
admirá-la justamente pela vontade dela de aprender e atender as demandas do
setor. Por isso, essa reciprocidade, essa afinidade. [...] Isso [indicação para
o ministério] são só especulações, apenas especulações. Eu continuo senadora e
presidente da CNA", disse.
*Fonte: G1