Decisão ocorreu com base em recurso impetrado pelo INSS em
conjunto com o Incra; medida não encerra o caso, mas evita despejo do
assentamento que poderia acontecer logo
Por Guilherme Zocchio*
O Tribunal Regional Federal da 3ª região (TRF-3) determinou, na
noite desta terça-feira (29), a suspensão da reintegração da área onde está o
assentamento Milton Santos, entre as cidades de Americana e Cosmópolis, no
interior de São Paulo. A decisão da Justiça ocorreu com base em recurso suspensivo impetrado
pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) em conjunto com o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Wellington Diniz, superintendente do Incra em São Paulo, confirmou
que a reintegração de posse foi suspensa. “Nossos procuradores entraram junto
com o INSS com uma medida cautelar pedindo a suspensão”, disse por telefone à Repórter Brasil.
Segundo ele, no entanto, o
imbróglio jurídico envolvendo o assentamento Milton Santos ainda não está
encerrado. “Uma vez suspensa a liminar, há agora uma batalha do INSS junto com
o Incra, que vai, sobretudo, provar que a área é do INSS e derrubar de vez essa
decisão judicial. O INSS reivindica parte do processo, dizendo que o terreno é
deles e que não há motivo para contestar”, aponta.
No final do ano passado, o
TRF-3 havia concedido a reintegração de posse da área em favor da Usina Ester
S/A, que mantinha um contrato de arrendamento com o grupo Abdalla na mesma área
onde vivem, há 7 anos, 68 famílias assentadas pela reforma agrária.
O prazo para os agricultores do assentamento deixarem a área se
encerrava na quarta-feira (30), dia a partir do qual a Polícia Militar
poderia realizar uma remoção à força dos ocupantes do local. O Projeto de
Desenvolvimento Sustentável (PDS) Comuna da Terra Milton Santos, nome oficial
do assentamento, é considerado modelo em agroecologia e um dos mais produtivos do Estado de São
Paulo.
Para pedir a reintegração
de posse, o grupo Abdalla alegava ser proprietário da área. A usina Ester
aparece como parte no processo em função do contrato de arrendamento que mantém
com os Abdalla. No recurso, o INSS alega, porém, que havia adquirido o terreno,
nos anos 1970, para que o grupo empresarial saldasse dívidas previdenciárias
com o Instituto. Em 2005, o órgão transferiu as terras ao INCRA, que as
destinou para a reforma agrária, com a criação do PDS Milton Santos.
*Fonte: Repórter Brasil
Leia também: A luta em defesa do Milton Santos texto de Frederico Daia Firmiano no sítio do jornal Brasil de Fato.
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