Alex Rodrigues*
Preocupados com o impacto de novas usinas hidrelétricas no Rio Tapajós, na região amazônica, líderes indígenas das comunidades munduruku do Pará e do Mato Grosso disseram a representantes do governo federal que farão de tudo para impedir que os empreendimentos - em fase de estudos - sejam levados adiante.
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Preocupados com o impacto de novas usinas hidrelétricas no Rio Tapajós, na região amazônica, líderes indígenas das comunidades munduruku do Pará e do Mato Grosso disseram a representantes do governo federal que farão de tudo para impedir que os empreendimentos - em fase de estudos - sejam levados adiante.
Os índios prometeram se
unir a outros segmentos, como populações ribeirinhas e organizações
não-governamentais (ONGs), para inviabilizar as obras do chamado Complexo
Tapajós.
Lideranças munduruku dos
dois estados passaram a semana em Brasília, onde se reuniram com os ministros
da secretaria-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho; da Justiça,
José Eduardo Cardozo; e de Minas e Energia, Edison Lobão, além da presidenta da
Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta Azevedo.
O grupo viajou à capital
federal para exigir a
apuração da morte do índio Adenilson Munduruku, ocorrida em
novembro de 2012, durante a Operação Eldorado, da Polícia Federal, e para
cobrar solução para problemas na saúde, educação e infraestrutura das terras
indígenas.
Hoje (22), às vésperas de
retornarem a suas aldeias, os líderes disseram à Agência
Brasil que estão
decepcionados. Segundo queixa de Valdenir Munduruku, da Aldeia Teles Pires, em
Jacareacanga (PA), os ministros e técnicos do governo federal só demonstravam
disposição durante as reuniões para discutir a construção das hidrelétricas e o
aproveitamento do potencial hídrico do Rio Tapajós.
“Não viemos a Brasília
falar disso. Não há o que conversar sobre a construção de usinas em terras
indígenas. Somos contra e queremos a paralisação imediata dos estudos que estão
sendo feitos na região”, declarou Valdenir. Ele lembrou que a Convenção 169, da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário,
determina que as comunidades indígenas sejam consultadas previamente em caso de
empreendimentos que afetem seus territórios.
Apesar disso, ontem (21),
a vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, coordenadora da 6ª
Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, lembrou ao grupo
que, embora as comunidades indígenas precisem ser ouvidas, inclusive durante a
elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elas não têm o poder de vetar
os empreendimentos.
Valdenir foi taxativo ao
dizer que a viagem a Brasília não valeu à pena, já que, segundo ele, nenhum
representante do governo assumiu qualquer compromisso de atender às
reivindicações do grupo – entre elas o esclarecimento da morte de Adenilson e o
pedido de reparação pelos danos causados à comunidade durante a operação da
Polícia Federal.
Segundo a assessoria, o
ministro de Minas e Energia Edison Lobão garantiu aos líderes munduruku, na
última quarta-feira (20), que o aproveitamento hidrelétrico do Rio Tapajós
“será um modelo para o mundo em termos de preservação do meio ambiente e de respeito
aos povos indígenas”. Ainda de acordo com a assessoria, Lobão destacou a
necessidade das hidrelétricas para o país e garantiu que, graças à tecnologia
empregada, os empreendimentos causarão um impacto mínimo.
Fonte: Agência Brasil - Edição:
Davi Oliveira