Faleceu nesta
terça-feira, 19 de fevereiro, o ex-governador do Pará no período de 1995 a 2003
pelo PSDB, partido do qual foi fundador. Exerceu ainda os cargos de secretário
estadual no governo de Alacid Nunes (1979-1983) e de prefeito biônico de Belém
entre 1983 e 1986, após se aproximar do PMDB e apoiar a candidatura de Jáder
Barbalho ao governo do estado. Foi deputado constituinte eleito em 1988 e
candidato a vice-presidente pelo PSDB em 1989, junto com Mário Covas.
Apesar deste
passado, nos anos noventa, no auge dos governos tucanos, Almir Gabriel foi
aprestado pela grande mídia nacional como um representante da nova política
paraense, após ganhar de Jarbas Passarinho para governador em primeiro turno em
1994 e reeleito em 1998 após derrotar Jáder Barbalho, dois políticos tradicionais do estado.
Em 17 de abril
de 1996, durante marcha de 1.500 trabalhadores rurais sem terra que se
dirigiam à Belém, organizada pela Movimento Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST), a Polícia Militar abriu fogo contra os manifestantes que aquela altura
bloqueavam a PA-155, em Eldorado dos Carajás. No confronto, dezenove sem terras
foram motos, tendo sido comprovados a execução sumária de pelo menos 10
vítimas.
A ordem para
ação policial teria partido diretamente do Secretário de Segurança do Pará à
época, Paulo Sette Câmara, que declarou depois do ocorrido que autorizara “usar
a foça necessária, inclusive atirar”. Almir Gabriel foi politicamente
responsabilizado dentro e fora do país pelo massacre. Além dos 19 mortos no
local, outras 03 sem terras morreram posteriormente em decorrência do conflito
e outras 66 trabalhadores ficaram fisicamente mutilados.
Após apoiar a
eleição de Simão Jatene em 2002 para o governo do Pará, eleito seu sucessor, Almir
Gabriel impediu que seu afilhado se candidatasse à reeleição em 2006,
lançando-se ele mesmo candidato. Perdeu no segundo turno para Ana Júlia Carepa
do PT, que foia apoiada por Jáder Barbalho.
Em 2010, quando
Ana Júlia disputava a reeleição, Almir Gabriel surpreendeu a todos a subir no
palanque de Dilma Rousseff e da governadora do PT, partido que outrora o
classificara como “assassino de sem terra”.
Curiosamente, o apoio de Almir Gabriel a Dilma Rousseff e Ana Júlia Carepa na disputa do segundo turno de 2010
, ocorria no mesmo dia em que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) e outros movimentos ligados à Via Campesina lançou a carta
aberta com a posição: "Vamos eleger Dilma Rousseff presidente do Brasil".