Priscilla Mendes*
O ministro da
Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, reconheceu
nesta sexta-feira (8) que há uma “tensão” entre os trabalhadores rurais e o
governo e afirmou que os assentamentos da reforma agrária se transformaram
“quase em favelas rurais”.
Carvalho comentou sobre as
críticas que o governo vem recebendo quanto ao baixo índice de assentamentos no
governo da presidente Dilma Rousseff. Ele falou nesta manhã durante o programa
semanal de rádio “Bom Dia, Ministro”, da estatal Empresa Brasil de Comunicação.
Dados do Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Instituto de Estudos
Socioeconômicos (Inesc) apontam que 2011, primeiro ano do governo Dilma, foi o
ano com o menor número de famílias assentadas nos últimos 16 anos. A pior marca
anterior era do primeiro ano de mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003.
Pelos números do Incra, 22.021 foram assentadas em 2011.
“Há realmente uma tensão
entre os movimentos de trabalhadores rurais e o governo, uma vez que os
movimentos nos criticam pelo baixo índice de assentados nos últimos três anos,
final do governo Lula início do governo da presidenta Dilma”, afirmou.O
ministro, contudo, defendeu a atual política de assentamento ao afirmar que o
governo, antes de distribuir a terra, deve oferecer meios para que o agricultor
sobreviva. “No Brasil há muitos assentamentos que se transformaram quase em
favelas rurais”, disse.
“Há de fato uma questão
muito séria, que não podemos mais fazer assentamentos em terras sem condições
de efetivamente permitir o desenvolvimento de uma agricultura que tenha
viabilidade naquela região. Não adianta a gente cometer a irresponsabilidade de
distribuir muita terra e não permitir que o agricultor encontre na terra uma
maneira de sobreviver”, afirmou o ministro.
Segundo Carvalho, a
presidente Dilma Rousseff “fez uma espécie de freio” no processo de
assentamento para “repensar” a reforma agrária.
Ele citou o programa lançado
esta semana no Paraná pela presidente, o Terra Forte, por meio do qual o
governo pretende investir R$ 600 milhões em projetos de agroindústria para 200
assentamentos.
“A Terra Forte já é
consequência dessa reflexão e dessa decisão política de fazer a reforma agrária
dando condições para que cada assentamento seja uma referência positiva de como
a reforma agrária dá certo, é viável e necessária”, afirmou Carvalho durante o
programa.
O ministro falou também
sobre a atuação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Há uma preocupação no governo, segundo ele, com a reestruturação do órgão.
“Tivemos, de fato, um processo em que o Incra foi depredado, foi desmontado em
gestões anteriores”, afirmou.
“Não queremos assentamentos
dependentes do Incra, não queremos assentamentos que sejam apenas uma forma de
enganar as pessoas dando a elas uma esperança que depois não se concretize”,
disse Gilberto Carvalho.